Pesquisa desenvolve Aedes aegypti que produz apenas ovos estéreis

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de junho de 2018 às 17:46
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:49
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O mosquito é pensado para se integrar a outras estratégias de combate à proliferação da espécie

Uma nova variedade de mosquitos
transgênicos deve começar a ser testada para combater o Aedes aegypti,
transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela.

A variedade foi desenvolvida pelo no
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e pode
começar a ser produzido em fase de testes já em setembro. Os insetos
modificados geneticamente têm espermatozoides defeituosos que, após o
acasalamento, resultam em ovos estéreis.

O mosquito é pensado para se integrar
a outras estratégias de combate ao Aedes. Segundo a professora Margareth
Capurro, principal responsável pela pesquisa, ao evitar sequer o aparecimento
das larvas, o inseto transgênico se combina perfeitamente com o trabalho de
identificação e destruição de focos em áreas urbanas. Porque os protocolos de
ação dizem que, quando são encontrados mosquitos nesse estágio de
desenvolvimento, deve ser feito o uso de produtos químicos para eliminação dos
animais.

Para não ter que mudar
todas as medidas, todos os parâmetros do mundo inteiro de combate ao mosquito,
a linhagem que é estéril é mais adaptável ao que é a medida do controle, explicou
Margareth, que já trabalhou no desenvolvimento de outras variedades de
mosquitos modificados geneticamente. Um desses, produzido pela empresa Oxitec,
por exemplo, tem machos que transmitem um gene que impede que os descendentes
cheguem a fase adulta.

Essa nova pesquisa, financiada pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Agência
Internacional de Energia Atômica, atende a uma demanda colocada pela Secretaria
Estadual de Saúde de São Paulo, de acordo com a professora. Por isso, a
preocupação de maximizar a integração com outras estratégias de combate ao
mosquito.

Próximas
etapas

A segunda fase do projeto,
prevista para começar em setembro, será feita em parceria com a organização
social Moscamed Brasil, em uma fábrica em Juazeiro, na Bahia. Os testes serão
feitos em gaiolas de campo, de 3 metros quadrados, colocadas em ambiente
natural. “O objetivo é saber se eles sobrevivem e são capazes de copular na
presença de ventos ou de chuvas. Esse é um teste importante, pois, quando
fazemos uma modificação genética, além das características de interesse,
podemos induzir também características indesejáveis”, explica a pesquisadora.

Se o projeto correr como o esperado,
a terceira fase pode ser iniciada ainda no final de 2019, com a produção piloto
de 500 mil insetos por semana. A partir dos ajustes finais feitos nesta etapa,
o mosquito estará pronto para ser reproduzido em grande escala.

A biofábrica de Juazeiro tem
capacidade instalada para produzir 14 milhões de mosquitos por semana.
Margareth destaca que o Brasil fez, com a variedade da Oxitec, uma das maiores
solturas de mosquitos no ambiente do mundo, com cerca de 1 milhão de animais
por semana.

A ideia é que esse novo Aedes modificado
possa ser usado também em outros países, sendo distribuído pela Organização das
Nações Unidas.


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