Pesquisa brasileira prova que remédio para Parkinson causa arritmia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de junho de 2019 às 17:33
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:37
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Cientistas da Unifesp usaram 4 grupos de ratos em testes cardíacos. Estudo foi publicado na revista Nature

Uma pesquisa
brasileira confirmou que o remédio domperidona, usado comumente para tratar
enjoo e ânsia de vômito em pacientes com Parkinson, aumenta o risco de arritmia
cardíaca. Os resultados foram publicados na revista “Nature”.

Foram usados 36
ratos machos em laboratório com peso entre 230 e 300 gramas. Eles foram
divididos em quatro grupos em igual quantidade, mas apenas dois deles receberam
6-hidroxidopamina, composto responsável pelo modelo da doença de Parkinson nos
estudos científicos.

Dois grupos –
um com a 6-hidroxidopamina e outro com uma substância salina (sem eficiência
para a doença) – receberam a dose máxima de 80 mg/kg de domperidona. Os outros
dois não receberam o medicamento. Os animais foram monitorados com eletrodos
inseridos pela cabeça até o coração – método que garante que eles não sejam
arrancados pelos roedores.

Os cientistas
avaliaram a reação dos ratos após três dias, cinco dias e após duas semanas. “Depois
de cinco dias você já tem uma lesão estabelecida, e a gente pode analisar a
situação do coração junto com o processo que leva ao Parkinson”, explicou
Fulvio Scorza, professor associado do Departamento de Neurologia e
Neurocirurgia da Unifesp, vice-diretor da Escola Paulista de Medicina e
orientador do trabalho.

Os resultados
mostram que o uso da domperidona gera um risco maior de arritmia cardíaca, o
que é um problema extra para os pacientes com Parkinson – quase 60% deles já
apresentam alterações cardiovasculares. “A mortalidade da doença de
Parkinson aumenta de duas a três vezes, em comparação à população em geral,
cinco a dez anos após o diagnóstico inicial. Isso é um fato. Então, nós
vasculhamos na literatura o termo ‘morte súbita’ na doença”, disse Scorza.

Segundo ele, há
evidências de que as mortes repentinas causadas pela doença possam ser causadas
pelo uso do remédio – ou até pela combinação com outros tratamentos.

O
artigo é assinado pela pesquisadora Laís Rodrigues, da Unifesp. O orientador
diz que mais um estudo, mas dessa vez com ratas, está em andamento. A
incidência da doença em mulheres é menor: a cada três homens, uma mulher é
diagnosticada. Scorza diz que outros artigos relacionam o estrogênio como um
hormônio protetor.


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