Pequenas empresas garantem saldo positivo de empregos, diz Sebrae

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de julho de 2019 às 00:28
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:39
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O setor foi responsável, pela criação de 38 mil postos formais de trabalho no país

O saldo positivo na geração de empregos em maio só foi possível
por causa do desempenho das micro e pequenas empresas.

O setor foi responsável, no mês passado, pela criação de 38
mil postos formais de trabalho (com carteira assinada) no país, enquanto as
médias e grandes corporações registraram saldo negativo, demitindo 7,2
mil trabalhadores, conforme levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio à
Micro e Pequena Empresa (Sebrae) feito com base nos números do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. 

No
total, levando em conta a diferença entre contratações e desligamentos, o Caged
de maio fechou com saldo positivo de 32,1 mil empregos gerados. “Nas
crises, perder gente na micro e pequena empresa é pior do que na média e,
sobretudo, na grande empresa. Então, os pequenos negócios têm essa
característica, eles contratam quando precisam e praticamente não
dispensam. Até porque uma dispensa numa grande empresa é só mais uma, mas numa
pequena empresa a demissão gera um desfalque”, afirma Carlos Melles,
presidente nacional do Sebrae.

Os pequenos negócios do setor agropecuário lideraram a geração
de vagas em maio, em função do cultivo de café, principalmente nos estados de
Minas Gerais, do Espírito Santo e de São Paulo, e da laranja, também no
interior paulista e mineiro.

O setor de serviços, que empregou nesse período 16,7 mil
pessoas, vem em segundo lugar no ranking de geração de novas vagas. O comércio e a
indústria de transformação registraram saldos negativos de 9,4 mil e 3,1 mil
empregos, respectivamente.

No acumulado dos cinco primeiros meses de 2019, os pequenos
negócios responderam pela criação de 326,6 mil novos empregos, 35 vezes mais
que os empregos gerados pelas médias e grandes empresas. Porém, esse saldo
foi 9,6% inferior ao registrado pelo segmento no mesmo período de 2018.

Participação na economia

As micro e pequenas empresas representam, no Brasil, 99,1% do
total registrado, segundo o Sebrae. São mais de 12 milhões de negócios, dos
quais 8,3 milhões são microempreendedores individuais (MEI). Os pequenos
negócios também respondem por 52,2% dos empregos gerados pelas empresas no
país. 

Apesar disso, o segmento ainda tem participação um pouco tímida
no Produto Interno Bruno (PIB, a soma de bens e serviços produzidos) do setor
empresarial, gerando 25% do total. Em países como o Reino Unido, a Alemanha,
Itália e Holanda, essa participação na formação no valor adicionado ao PIB está
acima de 50%.

Crédito

Para Carlos Melles, o desafio para aumentar a rentabilidade e o
faturamento das micro e pequenas empresas passa pela ampliação do acesso ao
crédito. “Esperamos que a Empresa Simples possa irrigar o setor com
recursos, atualmente muito concentrado em poucos bancos”, afirma. 

Em abril, entrou em vigor a lei que cria a Empresa Simples de
Crédito (ESC), que passou a permitir que qualquer pessoa possa abrir uma
empresa e emprestar recursos no mercado local para pequenos negócios.

O governo estima que a criação da ESC pode injetar R$ 20
bilhões por ano em novos recursos para as micro e pequenas empresas no Brasil.
Isso representa crescimento de 10% no mercado de concessão de crédito para
as micro e pequenas empresas que, em 2018, alcançou o montante de R$ 208
bilhões.

Exportação

O Sebrae também quer reverter a baixa participação das micro e
pequenas empresas brasileiras na exportação. “No mundo todo, os pequenos
negócios são muito atuantes nas exportações, superiores a 40% do total em
países como a Alemanha, França e Portugal e até mais de 50% do total de
exportações na Itália, Espanha e no Reino Unido. No Brasil, os pequenos
negócios só respondem por 4,2% das exportações. Precisamos aumentar a
produtividade dos pequenos negócios para ampliar a competitividade
desse setor”, afirma Melles.  


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