Pediatras pedem o fim da obrigatoriedade do Teste da Linguinha em bebês

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de abril de 2019 às 23:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:30
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Teste é um procedimento utilizado para a detecção da anquiloglossia, conhecida como ‘língua presa’

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) solicitou, esta
semana, ao Ministério da Saúde a revogação da lei que obriga hospitais e
maternidades a fazerem o Teste da Linguinha em crianças nascidas em suas
dependências.

O Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês (Teste da
Linguinha), obrigatório segundo a Lei nº 13.002/2014, é um procedimento
utilizado para a detecção da anquiloglossia, uma alteração no tecido que se
estende da língua até a cavidade inferior da boca.

Congênita, a anomalia, que pode ocasionar a chamada “língua
presa”, pode prejudicar a amamentação e a deglutição das crianças, por
causa da dificuldade de sucção e outros movimentos da língua, e, portanto,
abrir brechas para a má nutrição.

Outros problemas que podem derivar dessa condição são os de
desenvolvimento da fala, uma vez que é possível que a dicção fique
comprometida, caso o quadro não seja tratado.

A língua presa também traz implicações para a mãe do bebê. Isso
se explica porque, ao não conseguir extrair o leite e ainda ter fome, a criança
acaba prolongando a amamentação por tempo excessivo, deixando a lactante mais
vulnerável a ter rachaduras e ferimentos nos seios ou, então, mastite e
candidíase mamárias – respectivamente, inflamação e infecção fúngica das mamas.

Baixa incidência

Em nota, a SBP explicou que se opõe à obrigatoriedade do teste
devido à pouca incidência da anquiloglossia no Brasil e ao baixo risco que a
condição impõe à vida de quem a apresenta. De acordo com a entidade, os casos
graves de anquiloglossia, que exigiriam correção pela cirurgia denominada
frenotomia, são facilmente diagnosticados.

De acordo com a SBP, o exame da cavidade oral do recém-nascido e
lactente só pode ser aplicado por um médico e “já faz parte do exame
físico realizado pelo pediatra, de forma simples e indolor, nas maternidades e
nas consultas de puericultura”. Durante o teste, o médico faz uma avaliação
anátomo-funcional da boca da criança, observando aspectos como a posição da
língua em repouso e durante o choro e a forma da ponta da língua no choro.

Na avaliação da entidade, os médicos podem prescindir do
protocolo uma vez que “um exame clínico bem realizado e uma
observação completa de uma mamada podem ser suficientes para o diagnóstico de
anquiloglossia”.

A SBP destaca que é necessário estabelecer um conjunto de
critérios rigorosos para que intervenções cirúrgicas sejam feitas somente
quando necessárias.


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