Parece um sonho’, diz mãe que juntou R$ 137 mil para salvar a vida do filho

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 19:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:17
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Edneusa fez vaquinha para pagar cirurgia de Brenno na Itália; mais de 367 mil pessoas apoiaram a campanha.

Dois anos e três meses depois de passar pelo pior momento de sua vida, Edneusa Sena finalmente voltou a sorrir. 

No final de 2017, a ex-vigilante foi surpreendida com a notícia de que seu filho havia sofrido uma necrose no intestino e que ele teria poucos anos de vida se não fizesse uma cirurgia na Itália, ao custo de R$ 137 mil. 

Na última sexta-feira (17), entretanto, a surpresa foi outra. Edneusa abriu o link da campanha criada para o filho e descobriu que havia arrecadado, na vaquinha online, 100% da quantia necessária para o procedimento. 

“A gente está muito ansiosa esperando o dia dessa viagem, que eu creio que vai dar tudo certo. Está sendo surreal para a gente, eu não estou nem acreditando, parece que estou vivendo um sonho”, conta a mãe do Brenno Geovany, tomada pela emoção.

“Você olha para o lado e não tem dinheiro, não tem solução, mas aí começa a contar com as pessoas e de repente vê que tem muita gente boa no mundo, de coração bom”, acrescenta a ex-vigilante, que precisou largar o emprego para se dedicar completamente aos cuidados do filho. 

Em outubro do ano passado, o HuffPost mostrou a batalha de Edneusa. Na ocasião, ela ainda não havia juntado nem 30% da meta, que incluía R$ 90 mil da cirurgia e o restante para os custos da viagem e demais gastos.

A divulgação na imprensa e um story em destaque postado no Instagram pelo youtuber e comediante Whindersson Nunes fizeram a vaquinha alavancar. 

A campanha contou, ainda, com uma petição, aberta na plataforma Change.org, que reuniu 367.349 assinaturas em forma de apoio, tornando a mobilização ainda mais conhecida.  

“Eu não imaginava que tantas pessoas se juntariam à causa do Brenno. A minha satisfação de ver que tanta gente demonstrou apoio à minha campanha é sem palavras, é maravilhosa. 

“Eu gostaria de dizer que o que elas estão fazendo e fizeram para salvar a vida do meu filho não tem palavras, eu nunca vou conseguir agradecer o suficiente a todas as pessoas. 

“Eu vou levar isso no meu coração para toda a vida”, desabafa Edneusa, acrescentando que prestará contas de cada passo que será dado de agora em diante.  

Brenno completou 8 anos em dezembro e há mais de 2 vive em constante internação hospitalar, alimentando-se por nutrição parenteral (via cateter). 

Ele era uma criança completamente saudável, até que em uma madrugada, no final de 2017, acordou sentindo fortes dores abdominais. 

Após uma série de exames e uma cirurgia de emergência, os médicos identificaram que seu intestino havia formado nós e necrosado, possivelmente devido a uma má-formação. O menino passou 2 meses entubado na UTI e desenganado pela ciência. 

Mesmo sozinha e com pouca informação, Edneusa não se conformou com o veredito dos médicos e, em contato com mães de outros pacientes classificados com síndrome do intestino curto, descobriu a possibilidade de cirurgia em Florença, na Itália.

Foi aí que começou a saga de mãe e filho. “Ao longo desse período eu passei por muitas dificuldades, em alguns momentos achei que não ia dar certo, que não ia ser possível arrecadar o valor necessário. 

“Mas o meu filho me dá forças a cada dia, ele me fez não desistir, me fez ir à luta por ele e ter coragem”, lembra a ex-vigilante que chegou a enfrentar um quadro de depressão. 

Boa parte da internação de Brenno foi no Hospital das Clínicas, em São Paulo, de onde ele só podia sair duas vezes por semana, por um período de 8 horas em cada dia, se estivesse em boas condições clínicas.

Com o passar do tempo, vendo o filho contrair recorrentes infecções hospitalares no cateter, Edneusa passou por situações de desespero. 

“Em vários momentos eu achei que não ia dar certo, várias vezes eu acordava naquela cadeira do hospital com vontade de acabar com tudo, com vontade de tirar minha vida”, relembra. 

Hoje, dizendo-se feliz e com o brilho no olhar recuperado, a mãe do Brenno voltou a nutrir esperança de ver o filho retomar a rotina normal de criança, frequentar a escola, e ela voltar a trabalhar. 

Edneusa conta que já entrou em contato com a equipe médica da Itália e aguarda retorno para saber os procedimentos do agendamento da operação.

“Quando o Brenno recebeu a notícia, ele ficou muito feliz, muito emocionado”, diz. “Ele só fala nessa viagem.”

Há pouco mais de um mês a criança foi transferida para o Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, também em São Paulo. 

Para a ex-vigilante, a mudança representou um importante passo. Isso porque o hospital oferece suporte para que ela mesma possa administrar a nutrição parenteral no filho, em casa, sem a necessidade de constante internação.

Edneusa ainda está passando por treinamento, mas já comemora a possibilidade de levar o filho para a casa e poder dar a ele melhor qualidade de vida e o aconchego do lar.

“Estou muito feliz, muito emocionada mesmo por ter conseguido, por termos conquistado esse valor. Quando eu abri a vaquinha do Breno, foi uma sensação enorme descobrir que já tinha chegado à meta que a gente esperava, foi muito bom. 

Vira e mexe eu dava uma olhada na vaquinha, e nesse dia [sexta-feira, 17] eu fui olhar e fiquei muito emocionada, eu chorei, eu ri. Eu não tenho palavras para agradecer”, finaliza Edneusa. 


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