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Definição do retorno às aulas presenciais vai depender dos municípios no Estado, diz Secretaria da Educação
Nos últimos meses, um grande debate se formou por causa da volta às aulas. No Estado de São Paulo a Secretaria da Educação deixou nas mãos das Prefeituras a definição do retorno, uma vez que ainda não há um consenso a respeito. Pais de alunos e profissionais de Educação divergem sobre o retorno, enquanto especialistas em saúde são categóricos em desaconselhar o retorno agora.
Os municípios que se encontram na fase amarela poderão retomar as aulas a partir de 7 de outubro, respeitando os protocolos sanitários (higienização constante das salas e móveis das salas, higienização das mãos de todos os envolvidos, além da redução no número de alunos em cada sala, no sentido de manter a distância mínima determinada).
Mesmo com o respeito aos protocolos sanitários, a volta às aulas presenciais pode aumentar a disseminação do novo coronavírus dentro e fora das escolas. Segundo simulação feita por um grupo de pesquisadores, em dois meses de retomada, entre 10% e 46% de alunos e funcionários poderiam ser infectados pela Covid-19. O alcance do contágio varia de acordo com as condições de cada unidade escolar.
O cálculo é dos grupos de estudo Ação Covid-19 e Repu (Rede Escola Pública e Universidade), com base em parâmetros como o tamanho das escolas e o cumprimento de medidas de higiene e distanciamento social.
A rede é formada por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP), Universidade de Bristol (na Inglaterra) e Escola de Aviação do Exército (na Colômbia).
A simulação de dispersão do novo coronavírus nas escolas tomou como ponto de partida a volta de 35% do total de alunos e de professores da rede de ensino, número considerado pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo para o retorno a partir de 7 de outubro, conforme anúncio do governador João Doria (PSDB).
Os pesquisadores levaram em conta, ainda, o período de transmissão de uma pessoa infectada, e três principais momentos de interação entre as pessoas no ambiente escolar: na entrada da escola, na saída e nos recreios.
Os resultados das simulações para 60 dias letivos (ou 180 interações) chegaram a uma média de 46,35% das pessoas infectadas pelo vírus e de 0,30% de óbitos nas escolas mais “comprimidas”. E uma média de 10,76% das pessoas infectadas pelo vírus e de 0,03% de óbitos nas escolas mais “dispersas”.
Os pesquisadores avaliam que só seria possível admitir 20,27% do total de estudantes em escolas dispersas. Já nas escolas comprimidas, esse número cairia para apenas 6,86% dos estudantes.
Mesmo considerando esse cenário de abertura “segura”, a quantidade de alunos que se colocaria na escola é tão pequena que é inviável do ponto de vista prático, pedagógico, de desigualdades educacionais.
Os pesquisadores alertam, ainda, para os riscos de contágio no trajeto de alunos e funcionários de casa para a escola. A reabertura das escolas, afirmam, envolveria a mobilização de mais de 30% da população de São Paulo todos os dias. E o impacto no transporte público influenciaria os números da pandemia no estado.
Somadas as redes públicas e privadas de ensino, o estado de São Paulo tem um milhão de professores e funcionários administrativos, além de 13,3 milhões de estudantes de todas as etapas da educação básica.