Palestra “Indicação Geográfica: Sabores da Alta Mogiana” é destaque na Alta Café

  • Robson Leite
  • Publicado em 10 de abril de 2025 às 18:00
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Além da qualidade do solo e do clima, Martha Grill lembra que o valor do café produzido na Alta Mogiana também está na história

Durante os dois primeiros dias da Alta Café 2025, a barista e gestora da Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC), Martha Grill, conduziu uma verdadeira imersão sensorial e histórica pelos sabores região, durante palestra realizada na Arena Experiência, desenvolvida em parceria com o Sebrae-SP.

Ela apresentou ao público o impacto da Indicação Geográfica (IG) na valorização do café brasileiro, sendo um diferencial que vai além do sabor, contando a história e protegendo a identidade de um território.

“Não tem nesse Brasil café tão doce quanto o da Alta Mogiana. E não é só doce. É doce com consistência, volume e sustentabilidade”, afirma Martha.

A Alta Mogiana, região que engloba 23 municípios entre São Paulo e Minas Gerais, é reconhecida há mais de dois séculos por produzir cafés de qualidade superior. Mas foi com o trabalho de valorização de muitas entidades, entre elas a AMSC, que esse reconhecimento passou a ter nome, selo e rastreabilidade.

A Indicação Geográfica da Alta Mogiana permite que cada lote de café produzido seja identificado com QR Code, que leva a uma plataforma nacional com dados do produtor, origem, características sensoriais e a história por trás do grão.

Um café doce e que vale ouro

A valorização proporcionada pela IG impressiona: enquanto uma saca de café comum pode valer cerca de R$ 2.500, o campeão da região foi vendido por impressionantes R$ 25 mil a saca. “Isso chama atenção do mundo. Mostra que aqui tem algo especial acontecendo”, destaca a gestora.

Durante a palestra, que é realizada em paralelo com uma degustação orientada, os participantes experimentaram cafés de diferentes municípios da Alta Mogiana.

Cada amostra evidenciava um atributo – acidez, corpo, doçura ou retrogosto – e comprovava na prática o que a gestora defende: a região produz cafés únicos, ano após ano, com qualidade consistente.

A força da história e da união

Além da qualidade do solo e do clima, Martha lembra que o valor do café da Alta Mogiana também está na história: “Durante a Segunda Guerra, foi o único café brasileiro que não sofreu deságio. Há 200 anos o nosso café já era considerado superior”, explica. E agora, a Indicação Geográfica resgata essa memória e a transforma em diferencial competitivo no mercado global.

Ela também destacou o papel inclusivo da AMSC, que promove desde cursos e workshops até concursos de qualidade, envolvendo produtores de todos os tamanhos. “Esse trabalho é pra todo mundo, não só pra quem pode pagar. A indicação geográfica é ferramenta de democratização da valorização”.

Esta palestra se repetiu mais duas vezes no último dia da Feira Alta Café, na quinta-feira, 10 de abril.


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