Pais se organizam para gastar menos com materiais escolares

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 12:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:19
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Com itens cada vez mais caros, famílias recorrem a ajuda de outros pais para completar a lista

Grupos de WhatsApp e feiras de
troca ajudam mães, pais e responsáveis a economizar na compra do material
escolar. Com itens cada vez mais caros, famílias recorrem a ajuda de outros
pais para completar a lista.

A comerciante Kátia Rodrigues, 53 anos, criou quatro grupos no WhatsApp, dois para
compra e venda de livros, um para uniformes escolares e um para compra de
materiais de papelaria.

A poucos dias para o início das
aulas, ela finaliza as compras: “Estou indo agora na papelaria, onde
conseguimos desconto, e depois vou à casa de uma mãe, para buscar o uniforme
que comprei”, disse.

Com três filhos, Guilherme, 22 anos,
Giovanna, 15 anos e Felipe, 14 anos, Kátia faz um malabarismo anual para
economizar no material escolar. Hoje Felipe já está na faculdade, mas as
reuniões com outros pais começaram quando mais velho ainda estava na escola.

Além dos grupos no WhatsApp, ela já
organizou duas feiras de troca. “As pessoas levavam cangas e colocavam os
materiais ali”.

Neste ano, ela reuniu um grupo de
pais e conquistou para o coletivo um desconto de 6% em uma das papelarias da
cidade. “Essa organização gera uma economia para os pais. Além disso, tem a
questão do impacto ecológico. Os livros e as roupas são adequadamente
reutilizados. Para o meio ambiente é ótimo”, afirmou.

Economia

A engenheira Nandeir Viana, 49 anos,
também é uma das integrantes de grupos de trocas no WhatsApp. Este ano,
ela arrecadou R$ 675 com livros usados pelas filhas em anos anteriores.
Dinheiro que ajudou a pagar os quase R$ 5 mil que gastou com os livros
didáticos das duas filhas, Aline, 11 anos, e Amanda, 14 anos, para este ano.

Nadeir conta que doou, vendeu e
trocou livros em grupos e feiras. “Tem livro que comecei vendendo por R$ 60,
depois passou para R$ 50. Agora já estou aceitando R$ 10. Vendi muito livro
paradidático no troca-troca. O preço padrão nos grupos é de R$ 20, mas a gente
faz descontos, vende três por R$ 50”, explicou. “É interessante porque está
todo mundo nessa situação. A gente vende barato para comprar barato na ideia de
que a mercadoria se propague. Não faz sentido ficar com livro em casa quando
ele já foi usado. Passa para outra pessoa”, afirmou.

Reajustes

De acordo com a Associação Brasileira
de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), em geral, o
material escolar está 8% mais caro que no ano passado. Esse aumento é puxado
principalmente por artigos importados como mochilas e estojos, que estão, em
média, 10% mais caros. Cadernos e outros produtos de papel, aumentaram entre 6%
e 8%.

Segundo o presidente da Abfiae,
Sidnei Bergamaschi, os aumentos se deram principalmente pela variação do dólar
e pela alta no preço da matéria-prima do papel. “Uma dica importante é estar
atento à qualidade do material. Muitos produtos, muitas categorias possuem
certificação obrigatória do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia). O material tem que durar todo o ano. No início do ano,
um produto pode parecer mais caro que outro, mas vai durar o ano inteiro, sem
precisar comprar um novo”, opinou.

Direito
do Consumidor

O Instituto Brasileiro de Defesa do
consumidor (Idec) preparou uma lista de dez dicas para economizar na volta às
aulas.

Segundo o Idec, os responsáveis devem
avaliar a lista de materiais escolares com cuidado. Muitos itens utilizados em
anos anteriores, como estojo, régua, tesoura, mochila, podem ser
reaproveitados.

Além disso, por lei, as escolas não
podem solicitar produtos de uso coletivo, como os de higiene, limpeza, copos e
talheres descartáveis, grandes quantidades de papel, grampos, pastas
classificadoras, entre outros exemplos. “O custo de material de uso coletivo
deve ser considerado no cálculo do valor das anuidades escolares e não pode ser
repassado aos alunos nas listas de materiais, porque já compõe o preço da
mensalidade”, diz o Idec.  

O Idec recomenda também fazer
pesquisa de preços em pelo menos três locais e evitar personagens infantis,
pois esses itens são mais caros e, além disso, podem distrair a atenção da
criança na aula.

Na hora de pagar, é importante exigir
a nota fiscal com discriminação do produto adquirido: sua marca e preço
individual e total. O preço praticado no cartão de crédito deve ser igual ao
cobrado à vista.  


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