Pagamento digital e uso de papel-moeda crescem na pandemia, diz estudo

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 19 de dezembro de 2020 às 17:48
  • Modificado em 11 de janeiro de 2021 às 12:08
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O documento mostra que uso das duas modalidades cresceram nos oito países avaliados

Um levantamento do ITCN (Instituto de Estudos Estratégicos de Tecnologia e Ciclo de Numerário), ao qual a “Folha de S.Paulo” teve acesso, comparou efeitos da pandemia do novo coronavírus no sistema monetário de países do continente americano.

O documento mostra que tanto o uso de papel-moeda quanto de pagamentos digitais cresceram no período nos oito países avaliados. Foram consideradas informações de Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México e Peru.

O objetivo da pesquisa é analisar a atuação dos bancos centrais de diferentes partes do mundo em eixos como impacto da pandemia, bancarização, numerário e preferência de pagamentos da população, open banking e nível de autonomia da autoridade monetária.

A pesquisa usou dados disponíveis de levantamentos de empresas privadas e do governo dos países analisados.

No Brasil, segundo dados coletados pelo Instituto Locomotiva e publicados em abril de 2020, as compras feitas por aplicativos de celular cresceram 30% no Brasil durante o primeiro mês de isolamento social.

O estudo também citou uma pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), que aponta para um crescimento de 22% nas transações bancárias realizadas por pessoa física via Mobile, entre janeiro e abril. Segundo o relatório, as transações em agências caíram 53%.

“Buscamos também dados sobre aumento da demanda por papel-moeda no Brasil, mas especificamente per capita, para facilitar a comparação com os outros países, já que as informações não são padronizadas, e não encontramos. Mas, foi observada a demanda no geral e de emissão de cédulas”, diz Mariana Chaimovich, coordenadora da pesquisa.

Com a demanda por dinheiro para o pagamento do auxílio emergencial, o Brasil passou a emitir neste ano a nota de R$ 200. Na época, o BC argumentou que a cédula foi criada para dar conta da movimentação do benefício.

“Durante o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19, conforme prognóstico feito por empresas do setor, a adesão aos meios de pagamento digitais foi acelerada, destacando-se, conforme tendência anterior, o Mobile Banking”, conclui o estudo.

“Entretanto, observou-se também aumento significativo da demanda por dinheiro em espécie, que bateu recordes de valor em circulação. Esse fenômeno indica que, ao invés de ter se concentrado em apenas um setor, houve diversificação de meios de pagamento utilizados durante a pandemia”, diz.

A pesquisa também analisou se os países têm sistema de open banking e o nível de regulação do sistema. 

No tópico, o Brasil é pioneiro na implementação, junto com o México, que já deu o primeiro passo para a criação da nova ferramenta, mas ainda não tem previsão para adotá-la plenamente.

O open banking é uma plataforma pela qual o usuário compartilha dados e tem acesso a produtos financeiros de diversas instituições financeiras, nas quais pode buscar condições mais vantajosas. No Brasil, a plataforma deve estar completamente implementada em 2021.


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