O que precisa ser feito para que volta às escolas seja segura. Confira

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 16 de agosto de 2020 às 12:36
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:06
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retorno passa por uma transformação na rotina das escolas, com ampliação de procedimentos de higiene

A volta às aulas com relativa segurança deve incluir uma série de medidas que vão da limitação da frequência de alunos por sala a mudanças na distância de mesas e na organização de recreio e lanche, afirmam especialistas da saúde. 

O jornal “Extra” ouviu dez infectologistas, epidemiologistas e virologistas, entre outros profissionais da área, para dimensionar os riscos sanitários na volta às aulas.

Todos concordam que o retorno passa por uma grande transformação na rotina das escolas, a começar pela ampliação de procedimentos de higiene. 

Quatro deles citam a importância do aumento de pontos de lavagem das mãos; outros quatro sugerem mais totens de álcool em gel; e dois são inclusive a favor da eliminação de bebedouros, preocupantes pontos de contágio.

A limpeza frequente de equipamentos como mesas, cadeiras e brinquedos também pesa na retomada.

“Isso é o cientificamente desejável, como dentro de um hospital. Ainda que, obviamente, no hospital tenhamos uma circulação de pessoas potencialmente contaminadas, isso também pode acontecer na escola”, diz Alexandre Naime Barbosa, chefe de infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Do ponto de vista científico, o “novo normal” deve ainda abolir self-service na merenda e salas fechadas com ar-condicionado. 

Aulas todos os dias são descartadas de início: a presença três vezes por semana é a mais sugerida como “confortável” para diminuir o potencial de contato, facilitar o controle dos casos positivos e causar menos impacto no transporte, também considerado ponto crítico. 

Oito dos entrevistados sugerem que o retorno seja iniciado com no máximo 10% a 20% do efetivo total de alunos, para reduzir o risco de contágio.

A decisão sobre a volta às aulas presenciais apresenta ainda um desafio de escala considerável para os governantes: o setor de educação é considerado pelas autoridades como aquele com maior potencial de aumentar a movimentação de pessoas, muito mais do que, por exemplo, a abertura de bares, restaurantes ou academias.

É quase consenso (também oito respostas) que as aulas só deveriam retornar no ano que vem, considerando que a taxa de transmissão continua alta em vários estados. A particularidade seria no caso de alunos mais velhos. Para seis especialistas, os estudantes do Ensino Médio deveriam puxar a fila, por terem maior noção de distanciamento.

“Para as crianças pequenas, que teriam mais dificuldades de cumprir as regras, o risco é maior que o benefício, e não seria recomendável que voltassem neste ano. Já os alunos mais velhos poderiam retornar de forma gradual. Seria até necessário”, opina a médica infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas.

Para seis especialistas, porém, professores e funcionários em grupo de risco não deveriam voltar neste momento — para outros três, eles só devem voltar com máscaras e outras medidas de segurança.

A recomendação para os alunos é a troca de máscaras de uma a várias vezes ao dia, citada por nove dos entrevistados. Outras medidas, como testagem frequente e controle de temperatura na entrada, também são indicadas para os gestores das escolas.

Atualmente, o governo calcula que existam 13,3 milhões de alunos de todas as etapas escolares nas redes públicas e privadas. Além deles, há um milhão entre professores e profissionais da educação no estado. Isso explica o cuidado na retomada das aulas, como uma reabertura gradativa que, atualmente, está planejada para outubro.


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