O mítico ‘superfrango’ do Natal. O que é um Chester, exatamente?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 19:45
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:15
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

O Chester é uma ave real, mas as especulações em torno de sua origem e existência crescem a cada ano

As lendas urbanas proliferam: eles de
fato migram para o Brasil todos os anos, vindos do Polo Norte? E é verdade que
são empanturrados de hormônios? E, mesmo, têm cabeça?

Há tanto mistério em torno dessa
espécie de frango encontrada nas mesas brasileiras que geneticistas, escritores
científicos e cozinheiros têm dificuldade para responder à mesma pergunta
exasperante: afinal, o que é o chester?

Alguns dizem que é uma aberração
criada pelo cruzamento de peru com avestruz. Para outros, são filhos de galos
cuja altura chega a 90 centímetros. E há aqueles que vão mais longe, achando
que foram criados em laboratório. Fotos e imagens de vídeo de um chester vivo
são curiosamente escassas, o que estimula a especulação fantasista.

O conglomerado BRF, que opera com
processamento de alimentos e vende o chester, dá algumas pistas sobre as reais
origens da ave.

Em 1979, a Perdigão, empresa
absorvida pela BRF num processo de fusão, enviou pesquisadores aos
Estados Unidos para tentar achar uma ave grande e carnuda o suficiente para
competir com o peru na época de Natal. Eles então trouxeram aves reprodutoras
ancestrais do chester.

Trabalhando em um local secreto para
evitar misturas genéticas com outras aves, a equipe da Perdigão desenvolveu o
“superfrango”, com 70% do peso constituído por peito e coxas, em comparação com
os 45% no caso de frangos normais. Esse superfrango foi chamado de chester,
pseudoanglicismo usado para representar o enorme físico da ave (chest,
em inglês é “peito”).

A BRF prefere descrever sua imponente
criação do mesmo modo que são descritas criaturas míticas como “a majestosa
fênix” ou “o misterioso homem das neves”.

“O chester é apenas um frango”, diz a
empresa. “Do mesmo modo que Pelé é simplesmente um jogador de futebol.”

Por que fotos do chester vivo são
raras? Roberto Tenório, porta-voz do BRF, diz que é por causa das complicações
legais. Mas também tem a ver com o ar de mistério que a companhia quer manter
em torno da ave. Mas Roberto esclareceu um ponto: disse que os chesters não
recebem antibióticos ou hormônios para estimular seu crescimento.

Os brasileiros podem
ficar confusos no tocante às origens do chester, mas não quanto ao que fazer
com ele.

A ave é muito procurada
na época das festas natalinas; pode ser servida recheada com castanhas
portuguesas ou envolta em bacon. Os sommeliers recomendam degustá-lo com um
vinho Chardonnay ou um espumante brut.


+ Gastronomia