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O problema é tão novo que não há um registro da frequência com que ocorre, mas um especialista observou um aumento de ocorrências
Nesta primavera setentrional, Clive Kabatznik, investidor da Flórida, telefonou para a representante local do Bank of America para discutir uma grande transferência de dinheiro que planejava fazer. Em seguida, ligou novamente.
Mas a segunda ligação não era de Kabatznik. Em vez disso, um programa de computador havia gerado artificialmente sua voz e tentado enganar a funcionária do banco para que transferisse o dinheiro para outro lugar.
Kabatznik e a funcionária foram alvos de uma tentativa de golpe de última geração que tem chamado a atenção de especialistas em segurança cibernética: o uso de inteligência artificial para gerar deepfakes de voz, interpretações vocais que imitam a voz de pessoas reais.
O problema ainda é tão novo que não há um registro abrangente da frequência com que ocorre. Mas um especialista cuja empresa, a Pindrop, monitora o tráfego de áudio para muitos dos maiores bancos dos EUA disse que tem observado um aumento em sua prevalência este ano – e na sofisticação das tentativas de fraude por voz dos golpistas.
Detectável
Outro grande provedor de autenticação por voz, a Nuance, sofreu seu primeiro ataque bem-sucedido de deepfake a um cliente de serviços financeiros no fim do ano passado.
No caso de Kabatznik, a fraude foi detectável. Mas a velocidade do desenvolvimento tecnológico, a queda dos custos dos programas de inteligência artificial generativa e a grande disponibilidade de gravações de voz de pessoas na internet criaram as condições perfeitas para fraudes auxiliadas por software de IA relacionado à voz.
Os dados dos clientes, como detalhes de contas bancárias, roubados por hackers – amplamente disponíveis em mercados clandestinos – ajudam os golpistas a perpetrar tais ataques.
Estes são ainda mais fáceis com clientes ricos, cujas aparições públicas, incluindo discursos, com frequência estão disponíveis na internet.
Áudios públicos
Encontrar amostras de áudio de clientes comuns também pode ser tão fácil quanto fazer uma pesquisa on-line – por exemplo, em aplicativos de mídia social como o TikTok e o Instagram – pelo nome de alguém cujos dados bancários os fraudadores já possuem.
“Existe muito conteúdo de áudio por aí”, comentou Vijay Balasubramaniyan, CEO e fundador da Pindrop, que analisa os sistemas automatizados de verificação de voz para oito dos dez maiores credores dos EUA.
Embora os ataques estejam ficando cada vez mais sofisticados, originam-se de uma ameaça básica à segurança cibernética que existe há décadas: uma violação de dados que revela informações pessoais de clientes bancários.
De 2020 a 2022, mais de 300 milhões de dados pessoais de pessoas caíram nas mãos de hackers, resultando em perdas de US$ 8,8 bilhões, de acordo com a Comissão Federal de Comércio.
Depois de coletar um lote de números, os hackers examinam as informações e as combinam com pessoas reais.
Problema assustador
Os que roubam as informações quase nunca são os mesmos que acabam ficando com elas. Em vez disso, eles as vendem. Os especialistas podem usar qualquer um dos vários programas de fácil acesso para falsificar os números de telefone dos clientes-alvo. É bem provável que tenha sido assim no caso de Kabatznik.
Segundo informação do portal Notícias R7, é fácil encontrar gravações de sua voz. Na internet, há vídeos dele falando em uma conferência e participando de uma campanha de arrecadação de fundos. “Acho muito assustador. O problema é que não sei o que pode ser feito em relação a isso. Você simplesmente vai para a clandestinidade e desaparece?”, disse Kabatznik.