O cafezinho nosso de cada dia deve ter alta recorde de 40% no supermercado, em 2022

  • Robson Leite
  • Publicado em 1 de novembro de 2021 às 11:00
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As projeções do preço da saca para maio de 2022, na Bolsa de Nova York, estão em R$ 1.532. Na Bolsa de futuros de Londres, R$ 2.048.

O cafézinho deve ficar com sabor salgado em 2022. Fatores climáticos como geadas e granizo, efeitos da pandemia sobre o consumo, a crise dos contêineres, a desvalorização do real aliada ao aumento das exportações podem gerar uma alta recorde de 40% nos supermercados e a maior em 25 anos.

A análise foi feita por especialistas do Sul de Minas e economista da FGV que avaliam que o preço do produto vem crescendo em todo o mundo desde outubro de 2020, segundo dados da Organização Internacional do Café.

Ruim para o consumidor interno, nem sempre bom para o exportador. O país responde por um terço da produção mundial de café.

Somente no primeiro semestre do ano, as exportações brasileiras atingiram a marca dos US$ 136,7 bilhões, um crescimento de 35,8% na comparação com igual período em 2020.

Ritmo alucinante

Segundo notícia publicada no portal Agrolink, o preço da commodity começou a amargar para o consumidor interno ainda em fevereiro deste ano, com o preço da saca no mercado físico brasileiro chegando a R$ 850.

Em março, a seca registrou índices preocupantes, especialmente no Noroeste paulista, no Triângulo Mineiro e também no Sul de Minas, trazendo escassez de água nos reservatórios e perdas generalizadas das culturas agrícolas.

Em outubro, o preço da saca de 60 quilos do café robusta beirava os R$ 800, enquanto o arábica, de melhor qualidade, ultrapassava os R$ 1.223. As projeções do preço da saca para maio de 2022, na Bolsa de Nova York, estão em torno de R$ 1.532. Na Bolsa de futuros de Londres, o ritmo é alucinante: R$ 2.048.

Como o café é uma cultura bienal e não tem ciclos curtos de produção, os preços do produto devem se manter em alta por um período maior de tempo.

Seca e geadas

As geadas de julho comprometeram ainda mais a safra. O arábica subiu 10% e atingiu o patamar de preço mais alto em sete anos.

Líder mundial na produção e exportação – com apenas 30% da produção voltados para o mercado interno, o Brasil vislumbrou o aumento das exportações no momento de alta do dólar em relação à moeda brasileira.

Mas, há outras pedras no meio do caminho: por exemplo, a alta da demanda por contêineres, que estão parados nos portos asiáticos e europeus. Com isso, encher o reservatório de grãos subiu 289% em um ano, e o preço disparou para R$ 56 mil o espaço de 12 metros.

Muita perda

O Brasil é o único país a produzir os dois tipos de café – arábica (que corresponde a cerca de 70% da produção) e robusta (ou conilon) e chama a atenção para os fatores climáticos.

No somatório de cinco ou seis anos, o Brasil perde uma safra inteira por causa do clima.  São 50 milhões ou 60 milhões de sacas no período. O país tem 2 milhões de hectares de café. Nesse ano, calcula-se uma perda de 20% de área causada pela geada, totalizando 400 mil hectares.

A produtividade brasileira hoje é de 25 sacas de café por hectare. Multiplicando isso, de acordo com levantamento feito por cooperativas e traders, a perda pode estar entre 5 a 10 milhões de sacas. Somente para efeito comparativo, a Colômbia produz 14 milhões a cada ano.


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