Número de obesos supera o de pessoas com fome no mundo, diz relatório da ONU

  • Entre linhas
  • Publicado em 20 de agosto de 2019 às 18:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:45
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam para crescimento de 67% no número de obesos

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
divulgou recentemente os dados do relatório anual sobre o Estado da Segurança
Alimentar e Nutrição no Mundo. E pela primeira vez o número de obesos (830
milhões) superou o de famintos (820 milhões). De acordo com a agência da ONU,
há relação direta entre insegurança alimentar e obesidade e o vilão dessa
equação é o alimento ultraprocessado. Confirmando a tendência mundial, no
Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam para crescimento de 67% no número
de obesos entre 2006 e 2018, maior índice em 13 anos.

“Vivemos novamente um grande dilema. A população aumenta e não se
consegue produzir alimentos de “forma natural” que abasteça e
alimente a todos, aí sugere-se que precisamos dos alimentos industrializados.
Por outro lado, esses alimentos são os grandes responsáveis pelo aumento da
ingestão de sal, gorduras e açúcares que consequentemente levam à obesidade e
suas doenças associadas. A maior parte da população mundial e do Brasil é de pessoas
de baixa renda, que são o principal mercado consumidor dos alimentos
ultraprocessados, por serem mais baratos e na maior parte das vezes não
perecíveis. Na tentativa do equilíbrio orçamentário dessas famílias, com
certeza essa é a “alimentação” de escolha”, destaca o médico Cid
Pitombo, especialista no tratamento da obesidade e coordenador do Programa de
Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro.

O fato é que uma em cada cinco pessoas está obesa no Brasil e mais da metade
da população está com excesso de peso, tornando a obesidade uma epidemia e um
problema real de saúde pública. Pitombo alerta para a necessidade de políticas
públicas de controle do alimento industrializado, como já fazem alguns países
com importantes resultados.

“O Governo deve atuar na garantia do bom hábito alimentar em escolas,
na orientação às famílias sobre correto uso de alimentos e no controle do
acesso ao alimento industrializado, que claramente, por ser mais barato, de
baixo valor nutricional e alto valor calórico, leva a um sério problema de
saúde pública que é a obesidade. O Estado precisa intervir neste lado.
Prevenção com hábito saudável de alimentação, mais acesso a possibilidades de
atividade física na boa orientação às famílias”, destaca Cid Pitombo.
Biscoitos, refrigerantes e macarrões instantâneos, apesar de serem barato, não
ajudam a nutrir e tem alto valor calórico. O especialista defende que essa luta
precisa ser travada pelo Estado brasileiro, a fim de melhorar a condição de
acesso aos alimentos saudáveis, em preço, até com subsídios, para que a família
possa ofertar às crianças opções melhores.

Mortes por obesidade triplicam no Brasil em 10 anos – O
número de brasileiros mortos por complicações diretamente relacionadas à
obesidade triplicou em um período de dez anos no país, com base em informações
do Datasus.


+ Saúde