Número de médicos na rede pública cai 13,4% em 10 anos em Ribeirão Preto

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de março de 2018 às 00:27
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:36
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Cremesp aponta como motivos falta de renovação e condições de trabalho para os profissionais

Dados divulgados pela
Prefeitura de Ribeirão Preto mostram que, em dez anos, o número de médicos
atuantes na saúde municipal caiu 13,4%. A quantidade de profissionais que hoje
trabalham pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, com quase 700 mil
habitantes, é de 522, 81 a menos na comparação com 2008, quando o município
tinha 558 mil pessoas.

Para órgãos como o Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo (Cremesp) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a
situação é preocupante e afeta diretamente o direito básico de acesso à saúde. “Efetivamente,
a Secretaria de Saúde de Ribeirão possui mecanismos para que atenda essa
população através da rede que é instalada, obviamente se a gente está tendo
esse tipo de atendimento ou mesmo carência de médicos nós precisamos repensar
essa forma de atuação”, afirma Fabrício Cleto, coordenador da Comissão de
Direito Médico da OAB.

A falta de médicos ficou
evidente na morte de um andarilho em um posto de saúde da Vila Tibério na
última semana.

Segundo a administração municipal, a escala previa dois
profissionais de plantão no momento em que o paciente Juliano Machado, de 40
anos, teve convulsões em frente à unidade, mas nenhum médico estava no local.

Para o Conselho Municipal de Saúde, a situação pede
novas contratações e remanejamento de profissionais de acordo com a demanda de
atendimentos. 

Insegurança para trabalhar

A redução no quadro de profissionais na saúde de Ribeirão
Preto é consequência das condições de trabalho críticas que desmotivam os
médicos a atuar na rede pública, afirma o conselheiro responsável pelo Cremesp
na cidade, Eduardo Luiz Bin.

Ele
avalia que, ao mesmo tempo em que há médicos se aposentando, os mais jovens não
se sentem atraídos pela saúde municipal, seja pela desvalorização profissional,
seja pela insegurança de atuar nos postos.

Na
última quinta-feira, 1º de março, funcionários da Unidade de Saúde da Família
(USF) do Jardim Maria Casagrande fizeram uma paralização depois de terem sido
vítimas de um assalto na terça-feira, 27 de fevereiro. “Os médicos que atuam
nesse setor estão muito aquém de uma atenção básica para eles no sentido de dar
melhores condições de trabalho e também no sentido de dar segurança para que
possam trabalhar nas instituições e nas unidades sem ficar com medo de serem
assaltados, de que seu veículo seja roubado ou riscado”, exemplifica.

Com isso, a população é a mais
afetada, sobretudo depois de um aumento na demanda do SUS resultante da
recessão econômica, com menos pacientes em planos de saúde. Ele considera o
total de 522 médicos incompatível com o número de habitantes. “Se você vê que,
dentro de Ribeirão você faz o atendimento em torno de 600 mil atendimentos
anuais, é muito pequeno esse número de médicos pra prestar um atendimento
eficaz e que não tenha uma demora significativa a ponto de haver denúncias junto
ao Conselho.”


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