Nany People revela que tentou se matar com 15 anos: “Não podia me sentir como sou”

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  • Publicado em 18 de julho de 2019 às 12:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:40
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Passar a infância e a adolescência sem saber o que acontecia com o seu corpo e mente teria sido o mais difícil

A atriz transexual Nany People chama atenção com seu bom-humor, mas já viveu dias em que era difícil sorrir. Em uma participação no ‘Encontro’ desta quarta-feira (17), a artista falou sobre bullying e depressão com a comunidade LGBTQI+.

Passar a infância e a adolescência sem saber o que realmente acontecia com o seu corpo e mente, segundo ela, foi o mais difícil. “Com 15 anos pensava em me matar porque não tinha um lugar em que pudesse me sentir como sou. Tinha essa energia, mas não com essa forma, com essa cabeça e formatação. Era totalmente fora do ninho. E o bullying social é muito grande”, afirmou Nany.

A artista lembrou que não existia o termo “transexual” e era levada para especialistas simplesmente por não se enquadrar em “rótulos”. “Fui levada ao psiquiatra com 10 anos por desvio de conduta, distúrbio sexual. Não me encaixava na nomenclatura social de um menino normal e nem de uma menina normal. Era fora do contexto, fora do aquário”, lembrou a trans.

Durante a conversa com Fátima Bernardes, ela também contou que o apoio familiar foi muito importante para superar a depressão e esse desejo de tirar a própria vida. O posicionamento de sua mãe, inclusive, fez toda a diferença na infância de Nany.

“No segundo ano do primário, no terceiro dia de aula, lembro que não conseguia sair no recreio. Fui chamada pela diretora e ela disse para a minha mãe: ‘Seu filho tem um problema’. Lembro até hoje que ela respondeu: ‘Dona Elvira, não é um problema. É uma condição dele e cabe a mim, como mãe, e a senhora, como educadora, fazer dele a pessoa mais feliz do mundo’. Isso foi em 1973”, recordou.

Foto: Reprodução/Globo

Além da mãe, quem também contribuiu muito para a melhora da artista foram os amigos. Ela contou que foi bolsista de um colégio particular e os alunos de sua turma a defendiam do bullying praticado em outras áreas da escola. “Somos amigos até hoje”, disse a trans, que defendeu a existência de mais debates sobre depressão na TV e em outros meios de comunicação.

“É um assunto que a gente sempre ouve o galo cantar, mas não imagina que vai cantar no seu quintal ou na sua frente.Tenho amigas que perderam os filhos já formados. E a internet aumenta tudo. Antes a gente conseguia ter mais controle até do bullying, mas a internet é terra de ninguém e deu muita voz para gente que não tem nada de bom para falar”, finalizou.


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