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A doação voluntária de óvulos, desde que seja anônima e sem relações comerciais, agora é permitida
Uma mudança na norma do Conselho
Federal de Medicina (CFM) sobre reprodução assistida no ano passado, fez com
que surgissem redes online de doação e recebimento de óvulos.
O mecanismo é similar ao de
aplicativos de paquera. Pelo menos dois serviços do tipo foram lançados neste
mês de maio e já têm mais de 600 mulheres inscritas. A novidade levanta
questionamentos por parte de especialistas.
Um dos serviços foi criado por um
médico em março e se chama Rede Óvulo Doação. Similar ao Tinder, as
interessadas em receber um óvulo podem dar “match” em perfis de outras mulheres
com características físicas próximas e dispostas a doar.
Como o CFM estabelece que a doação
seja anônima, o app não mostra fotos nem nomes, mas um avatar com as
características da participante. AS combinações são avaliadas por médicos em
clínicas de reprodução ligadas à ferramenta.
O outro serviço é o site do Cadastro
Nacional d Doadoras de Óvulos (CNDO), em que as mulheres preenchem suas
características, veem se há doadoras disponíveis e escolhem a clínica de sua
preferência entre as 15 conveniadas. Quando há compatibilidade, a clínica entra
em contato com a paciente.
Desde novembro de 2017, as regras do
CFM para reprodução assistida permitem a doação voluntária de óvulos, desde que
seja anônima e sem relações comerciais. Antes, apenas mulheres em tratamento
para engravidar podiam doar óvulos. Nos Estados Unidos, por exemplo, já há
redes online que conectam doadoras de óvulos a receptoras. Em alguns países,
até a venda da célula é permitida.
Bruno Scheffer, especialista em
reprodução assistida e criador do app Rede Óvulo Doação, diz que teve a ideia
de desenvolver a plataforma após trabalhar na Europa e se deparar com a dificuldade
de encontrar doadoras. Ele afirma seguir as normas da CFM. “Criei um avatar, um
bonequinho. Quando a receptora acaba de fazer o formulário, vê os avatares para
ver se ela se identifica. Tem um segundo momento que entramos em contato,
marcamos a consulta e temos que fazer o “match” presencial, mas elas vão
separadas e não se conhecem”, diz. O aplicativo tem 465 mulheres cadastradas.
Já o fundador do site CNDO, Rafael M.
de Souza, relata que tomou a iniciativa porque tem uma agência de marketing que
atende clínicas de reprodução assistida e viu a dificuldade que as mulheres
enfrentam para encontrar doadoras. Ele conta que a startup tem uma diretora
médica responsável e que segue a regulamentação do CFM. “É a mulher quem
escolhe a clínica para que ela conduza o processo. As pacientes não se conhecem”,
explica.
Regras
Presidente da Sociedade Brasileira de
Reprodução Humana, João Pedro Caetano afirma que, sem um posicionamento do CFM
sobre os serviços, a entidade não recomenda que os seus associados tenham seus
nomes envolvidos em plataformas do tipo.
O CFM, procurado para emitir um
parecer sobre o assunto, apenas informa que tem acompanhado as discussões sobre
o uso da tecnologia e sua influência na relação entre médicos e pacientes.
Segundo o órgão, as inovações têm sido avaliadas na perspectiva de seu impacto
no ético exercício da medicina.