Morte súbita de recém-nascidos pode ter relação com fator genético

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de abril de 2018 às 00:45
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:39
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Estudos dos Estados Unidos e Reino Unido encontrou mutação que afeta os músculos respiratórios

O
fenômeno conhecido como “morte súbita” ocorre quando um recém-nascido
aparentemente saudável morre sem explicação. Em geral, esses casos acontecem
durante o sono, e os médicos ainda não encontraram uma causa científica que
explique o óbito.

Em um novo estudo publicado na
revista científica “The Lancet”, os cientistas demonstram uma relação
genética que pode ajudar a esclarecer essa questão.

Segundo eles, a descoberta pode mudar o rumo das
pesquisas que buscam estratégias para evitar esse tipo de morte – que até agora
tinham se concentrado apenas em estudos sobre as células do coração e do
cérebro que controlam a respiração.

Michael Hanna, neurologista do
Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia em Londres e autor do estudo,
acredita que ainda é cedo para conclusões, mas é preciso continuar a pesquisa
nessa direção para confirmar e entender mais detalhes sobre como seria essa
relação.

A morte súbita de bebês em geral atinge recém-nascidos
de dois a quatro meses de idade. 

Músculos mais frágeis

A pesquisa liderada por Hanna se concentrou em uma mutação
rara do gene SCN4A, responsável por codificar um receptor superficial
importante das células. Receptores são proteínas que permitem a interação de
algumas substâncias com os mecanismos do metabolismo celular.

A
expressão desse receptor nos músculos respiratórios é fraca nos primeiros meses
de vida, mas aumenta ao longo dos dois primeiros anos.

Depois
de analisar amostras de tecido de 278 bebês que morreram sem causa aparente (e
que foram classificados como vítimas da síndrome da morte súbida) e compará-los
com o material genético de 729 adultos saudáveis, os cientistas encontraram
quatro casos dessa mutação nos bebês e nenhuma nos adultos.

Ainda
que apenas quatro possam parecer pouco, neste caso o número é significativo:
normalmente, encontram-se apenas cinco casos dessa mutação rara a cada 100 mil
indivíduos.

A mutação está relacionada a
uma série de problemas neuromusculares genéticos e a dificuldades
respiratórias.

No caso
dos bebês, os cientistas acreditam que a mutação também enfraquece os músculos
respiratórios que, por conta disso, eles ficam mais vulneráveis a outros
fatores externos, a uma posição inadequada durante o sono no berço, ao fumo ou
qualquer outra doença menor.

Se um
fator externo tiver impacto negativo na respiração do bebê que tem esta
mutação, ele terá uma capacidade menor para se recuperar rapidamente, explicam
os pesquisadores.

Ainda
sem maiores conclusões, os autores do estudo reforçam a importância de seguir
as recomendações médicas para reduzir o risco do bebê sofrer uma morte súbita.

Cuidados

– Colocar o bebê para dormir de barriga para cima;


Colocá-lo no berço com os pés perto da borda;


Utilizar um colchão firme, plano e impermeável – e em boas condições;

– Não
fumar durante a gravidez, durante a amamentação, nem no mesmo cômodo que o
bebê;

– Não
compartilhar a cama com o bebê se tiver consumido drogas ou se estiver muito
cansado(a);

– Nunca
dormir com o bebê nos braços na poltrona ou no sofá;

– Não
cobrir a cabeça da criança quando ela estiver dormindo (cobrir somente até a
altura dos ombros).


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