Morte de crianças por câncer caiu 13% nos últimos 10 anos, diz Saúde

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de novembro de 2018 às 00:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:12
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Ministério atribui a queda a melhorias na detecção e no tratamento precoce do câncer nos serviços de saúde

O Ministério da Saúde informou na
última quarta-feira, 28 de novembro, que o número de óbitos por câncer de
crianças com idade até 14 anos caiu 13,4% entre os anos de 2006 e 2016. Em
2006, houve 2.222 mortes de crianças nessa faixa etária.

Em 2016, o número caiu para 1.924 óbitos.
Entre menores de 1 ano, o número de mortes caiu 27,8%. Entre as crianças de 1 a
4 anos, a queda foi de 9%, e entre os de 5 a 14 anos, a redução foi de 13,4%.
Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

A pasta atribui a queda a melhorias
na detecção e no tratamento precoce do câncer nos serviços de saúde. “Isso é
imprescindível, pois, para a obtenção de melhores resultados, é preciso ter
diagnóstico precoce e o ágil encaminhamento para início de tratamento. Houve
também importante mudança de tecnologia no tratamento do câncer, muitos
procedimentos cirúrgicos, desnecessários, foram reduzidos”, disse a diretora do
Departamento de Doenças e Agravos Não Transmissível e Promoção da Saúde do
Ministério da Saúde, Fatima Marinho, por meio da assessoria de imprensa.

Quanto mais cedo for feito o
diagnóstico, maiores as chances de cura. De acordo com o Ministério da Saúde,
cerca de 80% das crianças e adolescentes que têm câncer podem ser curados se
receberem diagnóstico precoce e forem tratados em centros especializados, e a
maioria tem boa qualidade de vida após o tratamento correto.

“Um dos principais fatores
prognósticos do câncer, seja em crianças ou em adultos, é o diagnóstico
precoce”, afirma o oncologista pediátrico e coordenador da unidade de
transplante de medula do Hospital do GRAACC, especializado no tratamento e
pesquisa do câncer infanto-juvenil, Victor Gottardello Zecchin. “Também é muito
importante que os pacientes diagnosticados sejam tratados em centros
específicos. Quando a criança é tratada em um hospital geral, o resultado
normalmente é inferior de quando é tratada em centros voltados a esse tipo de
tratamento. Nesses locais, as equipes são mais especializadas e os recursos são
mais direcionados”, disse Zecchin.

O oncologista destacou que, nos
últimos anos, as técnicas de diagnóstico avançaram muito, os exames de imagens
estão melhores e há também mais acesso a esses exames. “Tudo isso ajuda
bastante. Além do desenvolvimento de drogas mais específicas para tratar
diferentes tipos de tumores. Quando é mais específico, o tratamento é menos
agressivo e mais eficaz”, explicou. “E, a partir do momento que fazemos mais
diagnósticos, os pacientes passam a chegar mais aos centros de tratamento.
Provavelmente temos pacientes que ainda devem morrer sem saber que têm um
câncer.”, lamenta.

Apesar dos avanços, o câncer continua
sendo a principal doença que causa a morte de crianças de 5 a 14 anos, mesmo
com a redução observada nos últimos anos. Os tipos de cânceres mais comuns
entre crianças e adolescentes são as leucemias, seguidas por linfomas e tumores
cerebrais. No Brasil, o câncer infanto-juvenil responde por 3% de todos os tipos
de câncer.

Segundo Zecchin, ainda existe uma
tendência dos pediatras de evitar “até pensar” em câncer. “Portanto, uma das
principais ações da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica há tempos é
oferecer educação continuada aos médicos pediatras, pois são eles que nos
consultórios e postos de saúde podem desconfiar do diagnóstico e encaminhar
esses pacientes para centros especializados.”

Além disso, o especialista ressalta a
importância de as famílias serem educadas para ficar atentas aos sinais. “Os
sintomas do câncer em crianças são semelhantes aos de outras doenças comuns na
infância, como doenças virais e infecções bacterianas. A principal diferença é
a persistência dos sintomas, como febre prolongada, aumento de gânglios,
manchas roxas, entre outras.”

Nas crianças os sintomas de câncer
costumam incluir palidez, hematomas, sangramento, dor óssea, perda de peso
inexplicada, caroços ou inchaços, alterações oculares, inchaço abdominal, dores
de cabeça persistente, vômitos, dor em membros e inchaço sem trauma.

Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS)
garante todo o tratamento de pacientes com neoplasias malignas, por meio da
Rede de Atenção a Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. O SUS realiza
anualmente mais de 623 mil biópsias e cirurgias de câncer, mais de 2,98 milhões
de procedimentos de radioterapia e mais de 1,45 milhão de procedimentos de
quimioterapia.

Para ter acesso a tratamento
oncológico pelo SUS, independentemente do tipo de tumor, o paciente deve buscar
atendimento em estabelecimentos habilitados como Unacon ou Cacon, que oferecem
assistência especializada e integral, atuando no diagnóstico, estadiamento e
tratamento de câncer.

O Ministério da Saúde também informou
que o investimento público no tratamento de câncer aumentou. Os recursos
federais destinados a esses tratamentos no SUS passaram de R$ 2,2 bilhões, em
2010, para R$ 4,6 bilhões em 2017.


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