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Ele estava internado há meses por problemas respiratórios e cardíacos e faleceu em uma clínica de Buenos Aires
Morreu neste domingo (14), aos 90 anos, o ex-presidente da Argentina Carlos Saúl Menem, líder que pavimentou o caminho para a maior crise econômica e social que a Argentina já conheceu.
Ele estava internado há meses por problemas respiratórios e cardíacos e faleceu em uma clínica de Buenos Aires, segundo a imprensa argentina.
O atual líder argentino, Alberto Fernández, decretou luto nacional de três dias. Como é tradição com todos os ex-presidentes, o corpo de Menem será velado na sede do Congresso argentino.
O horário da cerimônia ainda não foi divulgado e deve ocorrer de forma restrita, em decorrência da pandemia de coronavírus. As informações são de Sylvia Colombo, da Folhapress.
Advogado de família libanesa, nascido em Anillaco, na província de La Rioja, em 10 de julho de 1930, Menem marcou a política argentina ao rasgar a cartilha do heterogêneo movimento peronista, nacionalista e estatizante, para adotar políticas ultraliberais.
Elegeu-se prometendo um “salariazo”, ou seja, salários gigantes, e governou entregando privatizações em massa.
Seu período na Presidência foi marcado por denúncias de corrupção — uma delas, o escândalo de exportação de armas ao Equador e à Croácia, entre 1991 e 1996, que teria gerado transferências de cerca de US$ 10 milhões (R$ 53,7 milhões, na cotação atual) para contas na Suíça, acabou levando-o brevemente à prisão domiciliar, em 2001.
Em 2013, devido ao episódio, foi condenado a sete anos de prisão. O mesmo aconteceu dois anos mais tarde, quando voltou a ser condenado em outro caso, de suborno a autoridades com dinheiro público.
Também foi condenado por superfaturamento de obras e por vender a um preço muito menor do que valia o tradicional prédio da Sociedade Rural, em Palermo, durante seu governo.
Ao todo, as penas somavam nove anos de detenção, mas ele não chegou a cumpri-las, uma vez que o cargo de senador lhe dava imunidade parlamentar. As alianças com a maioria peronista do Congresso, nos últimos anos, garantiram que não perdesse o foro especial.
A vida pessoal também foi cheia de ziguezagues. Muçulmano por herança familiar, tornou-se católico porque assim a Constituição argentina, até 1994, exigia de um presidente.
Manteve, entretanto, o casamento com uma muçulmana, Fátima Zulema Yoma, com quem teve uma filha, Zulemita, e um filho, Carlos Saúl Menem Facundo Yoma, morto em acidente de helicóptero em 1995.
Quatro anos antes, Menem e Zulema se separaram, o que fez com que Zulemita assumisse algumas vezes o papel de primeira-dama, até porque a mãe entrou em conflito aberto com o pai.
Considerado um conquistador, Menem casou-se em 2001 com uma ex-miss Universo, a chilena Cecilia Bolocco, 35 anos mais jovem que ele. O casamento durou seis anos, e o casal teve o filho Máximo Menem.
O abandono da eleição de 2003 acabou sendo o ponto de inflexão na carreira do peronista, que passou ao ostracismo no próprio partido.
Movimentos populistas como o do qual fazia parte valorizam ao extremo o papel do “jefe”, ocupado desde então por Néstor Kirchner ou sua mulher, Cristina Fernández de Kirchner.
Ainda assim, Menem se elegeu senador em 2005 e seguiu se reelegendo ao final de cada mandato, sempre por La Rioja.
Mas seu papel no peronismo em nível nacional limitou-se ao de votar, quase sempre a favor, das propostas elaboradas pelo peronismo kirchnerista, herdeiro do caos que o peronismo menemista provocou na Argentina.
Em 2018, no entanto, diferiu da bancada kirchnerista votando contra a Lei do Aborto, colaborando para que fosse vetada pelo Congresso.