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Sobre as “teorias conspiratórias”, a própria Organização Mundial da Saúde não conseguiu identificar a fonte
A pandemia de Covid-19 tem gerado muitas dúvidas sobre a forma como surgiu e se expandiu a doença e sobre a maneira correta de atuar, circulando muitos mitos e conselhos que peritos aconselham não seguir
Num “guia básico contra as mentiras do coronavírus”, a agência espanhola EFE coleta “conselhos e dados” que se devem ignorar para “superar com êxito a pandemia”.
Sobre as “teorias conspiratórias” a circular para explicar a origem da doença, se destaca a que o vírus foi fabricado num laboratório, quando a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) não conseguiu ainda identificar a fonte do SARS-Cov-2 (o coronavírus que provoca a covid-19).
Os dados disponíveis sugerem que tem origem animal, provavelmente num morcego. “Não é um vírus criado em laboratório”, esclarece a OMS.
Outra teoria é que na origem da pandemia está um “complô” promovido por Bill Gates e planejado pelo instituto britânico Pirbright, provavelmente provocado pelo fato deste laboratório ter pedido, em 2015, uma patente para desenvolver um coronavírus, concedida em 2018.
Contudo, o objetivo era desenvolver uma vacina para tratar ou prevenir doenças respiratórias em animais e nada tem a ver com o surto surgido em Wuhan, no dentro da China.
A Pirbright sublinha que não trabalha com coronavirus humanos, não desenvolveu a vacina, nem tem qualquer relação com Bill Gates.
Existe uma versão de que a doença surgiu porque os chineses comem animais exóticos, por ter sido divulgado que o foco de contágio começou no mercado de Wuhan, onde se comercializavam ilegalmente animais selvagens para consumo,
Ela é rebatida com a declaração de que nem esta é uma prática generalizada nem é possível o contágio somente por esse motivo.
A teoria de que a doença foi criada por grupos farmacêuticos interessados em vender vacinas, é contrariada com o facto de a China ter rapidamente tornado pública a sequência do genoma do SARS-Cov-2, permitindo que qualquer laboratório no mundo avance com esse processo.
O “guia” elaborado pela EFE inclui também um conjunto de “recomendações que não funcionam” em matéria de prevenção.
Desde a urina infantil para lavar as mãos – que, ao invés de matar o vírus, pode conter pequenas quantidades de material viral ou bacteriano, aos benefícios da vitamina C, difundidos em vídeos que circularam pelas redes sociais, mas que a OMS assegura que não evita o contágio.
Quando muito, em grandes doses, a vitamina C pode ajudar a reduzir a duração de uma constipação, sublinha.
Vem depois a água quente ou o chá com limão e bicarbonato, uma “dosinha quase divina” com alegada origem em Israel, mas que, asseguram, nem promove a “alcalinização do sistema imunológico” nem reforça as defesas contra a doença.
Há ainda o alho, cujas propriedades antimicrobianas são reconhecidas, mas sem qualquer prova de que comê-lo proteja contra o SARS-Cov-2.
Beber muita água é outro conselho muito difundido, alegadamente por “uns médicos japoneses” que recomendam a sua ingestão a cada 15 minutos e que a garganta “nunca esteja seca” para evitar o contágio, mas que não tem confirmação da OMS.
Na parte sobre as “curas”, a recomendação de que se tome diariamente cloreto de sódio dissolvido em água, difundida em vários vídeos, é comparada a sugerir que se tome lixívia, segundo a Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos, pois trata-se de um químico usado para branquear tecidos e papel na indústria.
“Não só não é eficaz, é ilegal”, sublinha o “guia”.
Se alguns saudaram a afirmação de que “a sobrevivência do coronavírus é impossível no vinho” e que “um consumo moderado pode ser benéfico”, na verdade “não há nenhuma evidência de que o vinho ajude a combater” a doença, já que o vírus afeta, não o aparelho digestivo, mas os pulmões.
Também a cocaína, droga estimulante e aditiva, cujo consumo provoca graves efeitos secundários e na saúde das pessoas, “não funciona”, sublinha a OMS.
São ainda contrariadas as teses que defendem o uso das vacinas pneumocócica e contra a gripe ou de antibióticos, estes eficazes contra as bactérias, mas não contra vírus.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 100 mil mortos e infetou quase 1,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.