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Pesquisa mostra que 87% dos 1,3 mil pais entrevistados acreditam que o uso da tecnologia foi positivo para a aprendizagem dos filhos.
Embora pesquisa tenha mostrado evolução dos números, metade dos alunos da rede pública não tem acesso à internet
Metade dos alunos matriculados em escolas públicas do país continuam sem ter um computador com conexão à internet para poder estudar, passado cerca de um ano e meio desde o início da pandemia.
O dado foi revelado por uma pesquisa do instituto Datafolha, encomendada por Fundação Lemann, Itaú Social e Banco Interamericano de Desenvolvimento, à qual a BBC News Brasil teve acesso.
O estudo investiga como as famílias avaliam a educação não presencial durante a pandemia.
Os computadores com acesso à internet vem aumentando aos poucos desde o início da pandemia: na primeira das sete pesquisas conduzidas pela Fundação Lemann e Itaú Social, realizada em maio de 2020, eram 42% dos alunos, índice que chegou a 49% no levantamento mais recente, com base em entrevistas feitas entre agosto e setembro.
Mas 51% das famílias entrevistadas disseram que ainda enfrentam esse problema.
Mesmo com a ligeira melhora, esse patamar ainda é considerado insuficiente e um problema “urgente”, diante do aumento na desigualdade educacional do país e do fato de que as escolas continuam aumentando sua dependência dos recursos digitais, mesmo com a volta gradual às aulas presenciais.
O celular foi o equipamento mais utilizado (85%) pelos alunos das famílias entrevistadas para acessar aulas e atividades, o que é considerado um limitante ao aprendizado.
Até porque mais de um terço desses alunos tinham de dividir o aparelho com outros membros da família.
Em São Paulo, apesar de os estudantes da rede estadual terem recebido chips de internet para estudar, para a maioria dos jovens o chip não funcionava em partes da casa deles, porque não dava área (de cobertura pelas antenas das operadoras).
Dificuldade de acesso à tecnologia
Depois de tanto tempo de pandemia, a dificuldade de acesso de alunos e das próprias escolas à tecnologia é grave, diz à BBC News Brasil Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.
“A tecnologia chegou para ficar na educação. Esse debate estava atrasado, mas isso foi atropelado na pandemia”, opina ela, ressaltando que o ensino híbrido — ou seja, parcialmente na escola e parcialmente em casa — será uma das principais estratégias para recuperar os atrasos de aprendizagem que ficaram do período de escolas fechadas.
“E também temos escolas que não têm equipamentos disponíveis, nem internet com boa velocidade”, completa.
Pais acreditam na tecnologia
“Não podemos aceitar que um quarto das escolas não tenham acesso à internet e que a maioria dos alunos não tenha computador para estudar”, afirmou Cristieni Castilhos, gerente de conectividade da Fundação Lemann.
A nova pesquisa do Datafolha sinaliza que, mesmo com todas as dificuldades, 87% dos 1,3 mil pais entrevistados acreditam que o uso da tecnologia foi positivo para a aprendizagem dos filhos. Um terço afirmou que a possibilidade de estudar remotamente, em qualquer lugar, deve ser mantida no futuro.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou que a quantia obtida no leilão do 5G — embora muito abaixo do montante estipulado inicialmente (R$ 7,6 bilhões) — será suficiente para garantir a cobertura 5G para as escolas de educação básica do país, informa a Agência Brasil.