Metade das vacinas infantis não bate a meta há cinco anos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de outubro de 2020 às 10:43
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 20:26
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No Estado de SP, cobertura contra poliomielite atinge só 12% do público-alvo

Entre as 15 vacinas do calendário infantil brasileiro, que inclui a imunização contra a poliomielite, metade não bate as metas desde 2015.

Em 2018, apenas duas únicas atingiram a cobertura esperada: a BCG, com 99,72% de imunização do público-alvo, e a vacina contra o rotavírus humano, com 91,33%. Para ambas, a meta é superar os 90%. Ano passado, nenhuma das 15 vacinas atingiram a meta.

Neste ano, até 2 de outubro de 2020, a taxa de imunização para a BCG chegou a 63,88%, e para o rotavírus, a 68,46%. A maior cobertura atingida foi da vacina pneumocócica, com taxa de 71,98%. Em 2019, chegou a 88,59% do público-alvo.

As informações foram divulgadas na última sexta-feira (16) pela coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fontana, durante a Jornada Nacional de Imunizações.

Apesar de ainda não existir uma avaliação real do impacto da pandemia de Covid-19 nas coberturas vacinais, a crise sanitária deve piorar ainda esse cenário, um fenômeno já sentido globalmente, segundo Fontana.

Os números parciais divulgados durante o Dia “D” de vacinação, no dia 17 de outubro, mostram que, em relação à vacina contra a poliomielite, as taxas estão ainda bem abaixo da meta.

Na Capital paulista, mais de 33 mil doses da vacina haviam sido aplicadas até a data, além de 67 mil doses de outras vacinas para atualização de cadernetas de menores de 1 ano, e de crianças e adolescentes de 5 a 14 anos de idade.

Desde o dia 5 de outubro, foram vacinadas contra a poliomielite 47.343 crianças de 1 a 4 anos, o que representa uma cobertura vacinal de 8% durante a campanha, segundo dados parciais da Secretaria Municipal de Saúde.

No Estado de São Paulo, até a data do Dia D, haviam sido aplicadas mais de 268 mil doses da vacina contra polio, o que corresponde a 12,1% de cobertura do público desejado (95%, equivalente a 2,1 milhões de crianças).

Quanto às outras vacinas, 113,6 mil bebês com menos de 1 ano compareceram aos postos, sendo que 69% precisaram atualizar a carteirinha de vacinação (78,4 mil).

Na faixa de 5 a 14 anos, 171,4 mil procuraram serviços de vacinação, com vacina aplicada em 77,6 mil delas (45,3% do total).

Os dados preliminares indicam que pelo menos metade do público que está indo aos postos tem alguma pendência na caderneta, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. A campanha vai até o dia 30 em toda a rede pública de saúde.

Na tarde deste sábado, a Folha visitou três unidades de saúde da zona leste e não observou grandes filas. Mas as crianças não eram liberadas antes de aguardar pelo menos 20 minutos.

Na UBS Vila Bertioga, a empresária Egle Santos, 26, esperou cerca de 30 minutos para conseguir vacinar a filha Manuela, de 2 anos 4 meses, contra sarampo e poliomielite. Havia sete pessoas à espera.

Na UBS Água Rasa, 20 pessoas estavam na fila. “Vi muita gente desistindo e indo embora, porque não tem paciência”, disse a autônoma Andréa Moseli, 40, após vacinar a filha Bruna, 4, contra poliomielite.

No Ambulatório de Especialidades Dr. Ítalo Domingos Le Vocci, na Mooca, por volta de 16h30, apenas duas crianças aguardavam na sala de espera. 


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