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Nova pesquisa revela que, além de não serem afetadas negativamente, crianças podem até se beneficiar
Um estudo divulgado pela
Universidade de Sheffield, no Reino Unido, deve acabar com aquela velha ideia
de que crianças criadas por apenas um dos pais são “coitadinhas” ou
“desajustadas”. Pelo contrário, os cientistas comprovaram que, além
de não prejudica-las, o lar monoparental ainda pode trazer diversos benefícios.
Para chegar a essas
conclusões, foram analisadas mais de 27 mil famílias entre 2009 e 2011, por
meio de dados obtidos pelo Estudo Longitudinal Familiar do Reino Unido,
“Entendendo a Sociedade”. Além disso, os cientistas pediram que as
pessoas classificassem o seu bem-estar em três categorias diferentes:
“satisfação com a vida”, “sentimentos sobre a sua família”
e “qualidade das relações com os pares”.
Em todos os três aspectos, aqueles que
foram criados em famílias monoparentais relataram melhor satisfação, além de
demostrarem sentimentos mais positivos sobre sua família.
Essas pessoas também tendiam a relatar
relacionamentos menos problemáticos com seus pares. O relatório final afirma:
“Em todos os casos, as diferenças entre aqueles que nunca viveram em
famílias monoparentais e aqueles que vivenciaram ou sempre viveram em famílias
monoparentais são estatisticamente significantes, mostrando que a diferença que
observamos é improvável que tenha ocorrido por acaso.”
O estudo ainda explica que,
normalmente, as famílias monoparentais costumam receber mais ajuda dos avós.
“Isto é particularmente evidente com apoio financeiro e ajuda prática com
tarefas como preparar refeições e fazer tarefas diárias”, apontam as
conclusões da pesquisa, liderada pelo professor Sumi Rabindra Kumar.
Para os pesquisadores, o estudo desafia
as narrativas políticas e públicas comuns em torno das famílias monoparentais.
“Crucialmente, há sinais claros de que o bem-estar das crianças não é
afetado negativamente por viver dentro de um lar de pais solo. Essa nova visão
da vida familiar deve agora ser refletida na formulação de políticas e
pesquisa. Ignorar essas tendências corre o risco de ficar fora de contato com a
realidade das vidas cotidianas e com o cenário familiar do Reino Unido”,
conclui Kumar.
Pais separados, amor em dobro
Apesar de a pesquisa ter sido realizada
na Europa, essa realidade não parece tão distante do Brasil. Aqui, o modelo
tradicional que, em 1995, correspondia a aproximadamente 58% das famílias, caiu
para 42%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015.
A jornalista Lisandra Reis, 39, é um
exemplo. Depois da separação, ela conta que as mudanças no comportamento da
filha Lara, de 6 anos, são bastante perceptíveis. “Há dois anos morando eu e
Lara, percebo o senso de responsabilidade e independência dela”, diz a
mãe.
Para ela, a principal dica é falar a
verdade sempre, nunca mentir. “Sempre fomos muito claros e sinceros,
dentro da capacidade de ela entender, sobre a decisão de morarmos assim, separados.
E ela entende muito bem e lida muito bem com a situação. Até porque fazemos
tudo pelo bem-estar dela. Conseguimos lidar bem com a situação. É uma criança
segura, feliz e alegre”, completa.