Internet brasileira é capaz de lidar com milhões de pessoas atuando em casa?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de março de 2020 às 18:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:30
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Cada vez mais pessoas são forçadas a ficar em suas residências para se proteger do coronavírus

​Aos poucos, a sociedade brasileira começa a se adaptar às recomendações de autoridades de saúde, evitando sair de casa para reduzir as chances de contágio pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). 

Um efeito colateral deste momento é que as pessoas começam a usar a internet de formas diferentes do convencional. O que leva à questão: o Brasil está pronto para atender a essa mudança no tráfego de rede?

O resultado já foi sentido pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), associação que supervisiona a internet brasileira. 

Julio Sirota, gerente de infraestrutura do IX.br, explicou ao Olhar Digital, a que o perfil de uso da rede já é levemente diferente, embora ainda seja um movimento discreto.

Sirota aponta que foi percebido um movimento de uso de rede mais próximo do que é registrado aos domingos. 

Tradicionalmente, o pico de uso de internet doméstica é no horário em que as pessoas começam a voltar do trabalho, a partir das 18h.

Mas neste novo movimento, há um salto de uso por volta das 10h e 11h da manhã, que se mantém em um patamar alto e estável pelo resto do dia. É um uso mais intenso do que um dia de semana convencional.

Isso significa que já é perceptível que mais pessoas têm começado a acessar a internet em suas casas em vez de dirigir-se ao seu local de trabalho. 

É um novo tipo de demanda de tráfego que não se via até a crise do coronavírus, mas que, segundo o NIC.br, não deve causar maiores transtornos na vida do brasileiro.

O grande “vilão” do tráfego de internet, que tende a ocupar mais a infraestrutura brasileira, é o streaming de vídeo. 

Serviços como Netflix e YouTube são os que mais consomem dados, mas ainda assim, o possível aumento no tráfego não deve ser suficiente para atrapalhar o uso de internet.

De acordo com Sirota, essa é uma prática que as pessoas já fazem todos os dias, e a única diferença é que esse peso deve ser distribuído de forma mais igualitária ao longo do dia, em vez de ver um pico de uso à noite.

Sirota define a rede brasileira como “robusta e resiliente” e reforça que a crise do coronavírus e a reclusão dos brasileiros em casa tende a não pesar sobre a infraestrutura de rede do Brasil.

Se não há gargalos durante a Copa do Mundo, quando os escritórios passam a consumir vídeo por streaming, não será a Covid-19 que os causarão.


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