Tecnologia de realidade aumentada sem fio possibilita ter visão de raio X para localizar itens em recipientes de papelão, plástico e até madeira
Um par de óculos de realidade aumentada desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, permite ver e localizar corretamente itens ocultos em caixas com 96% de precisão. A invenção foi divulgada emcomunicado em 27 de fevereiro e registrada em artigo.
Os cientistas acreditam que a tecnologia pode ajudar funcionários de armazém de comércio eletrônico a encontrarem rapidamente itens em prateleiras desordenadas ou enterrados em caixas. Pode ser usada também para auxiliar técnicos a localizar peças corretas ao montar um produto.
O invento, chamado “X-AR”, guiou pesquisadores em direção a um item com menos de 10 centímetros de erro a partir de onde o aparelho os direcionou. Os óculos dão visão de raio X ao combinar visão computacional e percepção sem fio para localizar objetos específicos.
Radiofrequência
O sistema utiliza sinais de radiofrequência (RF), que podem passar por caixas ou embaixo de pilhas de papelão, plástico ou divisórias de madeira. Os itens ocultos contêm rótulos de identificação por radiofrequência (RRFID), que refletem os sinais enviados por uma antena de RF.
Segundo a revista Galileu, para testar a tecnologia, os pesquisadores criaram um depósito de prateleiras com caixas de papelão e latas de plástico contendo itens com etiquetas RRFID dentro. Eles concluíram que o “X-AR” é capaz de reduzir os erros de coleta em 98,9%. Já a taxa de precisão foi de 91,9% quando o objeto ainda estava dentro de uma caixa.
Como os óculos funcionam
Depois que o usuário coloca os óculos, ele usa “menus” para selecionar um objeto de um banco de dados de itens marcados.
Assim, conforme essa pessoa caminha por uma sala, o aparelho a direciona em direção ao item, que aparece como uma esfera transparente em uma interface. Em seguida, o dispositivo projeta a trajetória para aquele objeto na forma de passos no chão.
A probabilidade de acerto é calculada já enquanto a pessoa procura seu alvo etiquetado. À medida que o usuário pega o item, a etiqueta RFID se move junto com ele. Uma vez que o objeto está na mão, o “X-AR”, que pode medir o movimento da etiqueta, verifica se foi pego o item correto.
“Todo o nosso objetivo com esse projeto era construir um sistema de realidade aumentada que permitisse ver coisas que são invisíveis – coisas que estão em caixas ou cantos – e, ao fazer isso, a tecnologia pode guiá-lo em direção a elas e realmente permitir que você veja o mundo físico de maneiras que não eram possíveis antes”, diz Fadel Adib, autor sênior do estudo, em comunicado.
Desenvolvimento do “X-AR”
Para criarem o sistema, os cientistas equiparam um par de óculos existente com uma antena que pudesse se comunicar com itens marcados com RFID.
Segundo detalha Aline Eid, coautora do invento, “um grande desafio foi projetar uma antena que se encaixasse nos óculos sem cobrir nenhuma das câmeras” do visor ou “atrapalhar seu funcionamento”.
Com o sucesso dos óculos, os pesquisadores planejam explorar como diferentes modalidades de detecção, como WiFi, tecnologia mmWave ou ondas terahertz, podem ser usadas para aprimorar a visualização e interação do invento. Eles também podem aprimorar a tecnologia para que seu alcance ultrapasse os três metros.