Injeção semestral poderá substituir remédios diários para pressão alta

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 23 de julho de 2023 às 12:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Pesquisa mostrou que medicamento consegue manter os níveis de pressão controlados por 24 semanas e pode revolucionar vida de hipertensos

pressão alta

Pacientes com hipertensão podem ter um novo medicamento para controlar o problema – foto Arquivo

 

Para facilitar o tratamento de pacientes com hipertensão, um novo medicamento que seria usado apenas uma vez por semestre está sendo testado.

Cerca de 25% dos adultos brasileiros têm pressão alta, presente em 60% dos maiores de 65 anos. Todos eles devem tomar um remédio diariamente para manter a pressão controlada.

O Zilebesiran é um medicamento injetável experimental que pode manter, segundo os estudos iniciais, a pressão alta controlada por até 24 semanas.

A pesquisa, porém, ainda está na primeira fase, ou seja, faltam outras duas para que os responsáveis possam pedir autorização de comercialização. Por isso, o remédio pode demorar a chegar às prateleiras.

A maior dose, porém, após seis meses da aplicação, conseguiu diminuir em cerca de 10 pontos a pressão sistólica e em 5 pontos a diastólica dos voluntários. Isso quer dizer que uma pessoa com pressão alta descontrolada de 22 por 14, por exemplo, chegaria a até 12 por 9 com o uso do medicamento.

A inovação criada por médicos de universidades do Reino Unido e dos Estados Unidos foi anunciada em um artigo publicado na última quinta-feira (20/7) no The New England Journal of Medicine. A primeira fase do estudo foi dividida em três etapas.

Na primeira, adultos com menos de 65 anos e com pressão alta sem tratamento foram selecionados. Um terço dos voluntários recebeu placebo.

Os outros dois terços foram divididos em sete grupos, e cada um recebeu uma quantidade de Zilebesiran: 10 mg, 25 mg, 50 mg, 100 mg, 200 mg, 400 mg e 800 mg.

Na parte 2, a divisão também seguiu o modelo um terço versus dois terços. Todos os participantes do grupo selecionado para receber o remédio receberam a dose mais alta e foram divididos em dois grupos: um consumindo uma dieta muito rica em sal e outros orientados a ingerir pouco sal.

Na última fase, o remédio Ibersartan, um tradicional controlador de pressão, foi combinado com a dose mais alta do Zilebesiran.

Somando todos os pacientes que completaram as três partes do estudo, foram analisados os resultados de 107 indivíduos.

Entre eles, 72% dos usuários do Zilebesiran tiveram algum efeito adverso, enquanto 88% daqueles que tomaram placebo relataram ter tido algum problema. Cinco pacientes relataram dores leves e inflamação no local da injeção do remédio.

Na fase 1, se mostraram eficientes apenas as doses acima dos 200 mg. Na fase 2, os médicos descobriram que dietas com muito sal são capazes de atenuar ou até anular os efeitos do remédio.

Por fim, ao ser combinado com outro remédio de controle de pressão alta, o Zilebesiran melhorou o desempenho do medicamento tradicional.

O estudo ainda teve algumas fases descartadas: uma etapa que dava doses múltiplas do remédio, por exemplo, foi cancelada pelos efeitos adversos observados, que apareceram muito rapidamente. Já o uso do remédio em pacientes obesos seguia sendo realizado até a publicação preliminar do estudo.

Entre as limitações anunciadas pelos investigadores, está que a quantidade de pessoas pesquisadas é pequena. O número de participantes é condizente com a fase 1 de estudos, mas é incapaz de garantir a segurança do tratamento.

*Informações Metrópoles


+ Ciência