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Nos últimos dias, o ponto mais crítico é a Serra do Amolar (MS), uma das regiões mais preservadas
Os incêndios que devastam o Pantanal já destruíram um quarto do bioma dede o início deste ano. Nos últimos dias, o ponto mais crítico é a Serra do Amolar (MS), uma das regiões mais preservadas da maior planície alagável do mundo.
Desde 1º de janeiro até o último sábado (3), as queimadas varreram a fauna e a flora de 3.977.000 hectares, uma área pouco menor à do estado do Rio de Janeiro. O tamanho destruído corresponde a 26,5% do Pantanal, de 15 milhões de hectares.
No espaço de uma semana, as chamas percorreram 516 mil hectares, ou uma média diária de 73,7 mil hectares. É como se uma área comparável à do município de Salvador queimasse a cada 24h.
Os números, publicados às terças-feiras, são do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e foram repassados pelo Ibama.
Apesar de ter a menor parte do bioma, Mato Grosso é o estado mais atingido, com 2,16 milhões de hectares. O Pantanal de Mato Grosso Sul perdeu 1,82 milhão, mas é onde o fogo mais avança nos últimos dias.
Até esta terça-feira (6), o fogo continuava fora de controle na Serra do Amolar. A cerca de 100 km ao norte de Corumbá, é de uma das áreas menos antropizadas do Pantanal. As queimadas já atingiram ao menos 102 mil hectares dessa região.
Por meio do Prevfogo, o Ibama tem concentrado esforços na região. Foram trazidos brigadistas de outros estados do país, além do reforço de Corpos de Bombeiros, Força Nacional, funcionários das fazendas, voluntários e militares.
No sábado (3), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve em Corumbá e sobrevoou de helicópteros algumas áreas queimadas.
O Pantanal atravessa a sua pior seca em décadas. A chuva abaixo da média não foi suficiente para provocar cheia sazonal. Com isso, muitos cursos d’água, como lagoas e corixos, secaram.
Segundo analistas, a grande maioria dos fogos é provocada pela ação humana. Fazendeiros e agricultores da região usam a queima para manejo de pastagem, para desmatar e para o plantio de roças.
Com o tempo seco, as queimadas tiveram início já no início do ano, tradicionalmente o período chuvoso. Deste então, o Pantanal vem batendo recordes sucessivos de focos de incêndio setembro registou o maior número já registrado no bioma, de acordo com o monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A Polícia Federal de Mato Grosso do Sul investiga quatro fazendeiros suspeitos de provocar incêndios sem autorização, que saíram de controle e devastaram ao menos 25 mil hectares.
O fogo devastou diversas áreas protegidas desde agosto. É o caso da fazenda São Francisco do Perigara, o maior refúgio de araras-azuis do mundo, e do Parque Estadual Encontro das Águas, atração turística mundial por causa to turismo de observação de onças-pintadas.
As queimadas também atingiram quase toda a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) em Poconé (MT). Com 108 mil hectares de mata nativa, é a maior área de proteção privada do Brasil.
Duas das três terras indígenas do Pantanal foram atingidas: Baía dos Guatós e Perigara, dos povos guató e bororo, respectivamente.
“Nós nunca teremos a dimensão do que nós perdemos neste ano”, afirma o presidente do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), Ângelo Rabelo. “Certamente, desapareceram espécies que não chegaram a ser descobertas.”
Nos últimos dias, Rabelo, um coronel aposentado da PM Ambiental de Mato Grosso do Sul, está na Serra do Amolar coordenando esforços contra o fogo.
Morando há quatro décadas na região, ele compara o impacto do incêndio deste ano, o pior já registrado no Pantanal, a um dos eventos climáticos extremos que mudaram a história do planeta. “Vamos tentar virar a página e recomeçar com o que sobrou.”
(As informações são da FolhaPress).