Dona de casa de Franca doa corpo à Faculdade de Medicina da Unifran para estudos

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 28 de março de 2021 às 12:00
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Com problemas no coração, desejo da doadora era que a ciência pudesse fazer estudos na área da saúde e, assim, ajudar outras pessoas

Leila Nogueira da Silva, que faleceu no último dia 18, e estaria fazendo 78 anos nesta segunda-feira, dia 29

Uma prática não muito comum em Franca e região. A família de uma dona de casa, aqui de Franca, doou seu corpo para estudos científicos à Unifran – Universidade de Franca, depois que morresse.

O caso envolve a dona de casa, Leila Nogueira da Silva, que faleceu no último dia 18, e estaria fazendo 78 anos nesta segunda-feira, dia 29.

Com problemas de coração, ela sempre quis promover a doação do corpo para estudos. E o fez, através de documento junto à Unifran. Aliás, todos os filhos sabiam desse desejo e, após a morte, finalizaram a doação, um tanto incomum na cidade.

AÇÃO

O ato da doação é considerado um gesto nobre. Há quem doe, por exemplo, roupas e alimentos para pessoas necessitadas ou brinquedos para crianças carentes.

É manifestar, em vida, o seu desejo de contribuir para o avanço da ciência, de forma a beneficiar pesquisadores e alunos em seus estudos na área da saúde.

A prática ainda é pouco expressiva quando comparada à de países como os Estados Unidos, onde quase todos os corpos usados para fins de estudos médicos em faculdades e universidades são provenientes da cultura de doação já estabelecida ao longo de décadas.

Recomenda-se que os familiares estejam cientes da decisão do doador. “Esses familiares precisam ter em mãos uma cópia desse documento. Após o falecimento, o velório pode ser realizado normalmente. O que muda é que ao invés de se dirigir para um cemitério ou crematório, o corpo vai para a instituição de ensino escolhida pelo doador

Instituições de saúde possuem regras próprias para receber os corpos para estudos.

E até disponibilizam de informações para caso as pessoas se interessam possa contribuir para a ciência.

Assim, tudo fica muito bem documentado e a responsabilidade de uso e guarda passa a ser da Instituição que responde legalmente.

Leila com os netos, Ricardo Antônio Gomes Ferreira Junior, Gabriela Santana e Carolina Santana, e a filha Rita Santana

SONHO REALIZADO

Dona Leila Nogueira da Silva nasceu aos 29/03/1943 e faleceu aos 18/03/2021. Sua filha, Rita de Cássia, se diz realizada em poder cumprir o sonho de sua mãe.

“Mamãe nasceu com problemas no coração, passou a vida lutando contra essa doença. Foram muitos tratamentos, pela vida.

Ela sempre dizia que queria  doar  o corpo depois que ela morresse para que  os profissionais da saúde pudessem estudar o corpo dela, principalmente o coração ( tadinha)”.

Rita explica que, de início, ela e seus irmãos não deram importância a isso. “Até que um dia ela fez minha irmã ir atrás disso. Minha irmã foi até a Unifran e então providenciou todos os papéis”, relatou.

“Eu, minha irmã e minhas filhas demos todo apoio a ela. Não entramos em detalhes com nossos 3 irmãos homens, só comunicamos e eles tbm aceitaram bem”, relatou.

Rita afirma que apenas o irmão mais novo  não aceitou bem, mas quando ela morreu ele disse que faria o que os outros irmãos decidisse.

E, ao encontrar a mãe morta na casa onde morava, Vila Chico Júlio, Rita revela que tomou frente e disse faria a vontade da mãe, uma vez esse era o sonho dela – a irmã estava viajando e não poderia fazer isso.

VELÓRIO

Tudo foi feito dentro dos protocolos. Após o velório, o corpo só não foi para o cemitério, mas para a Unifran poder fazer estudos científicos.

Além de querer divulgar a doação, Leila tinha o desejo de incentivar as pessoas a promover doação, seja de sangue, órgãos ou corpo, já que no Brasil essa prática não é comum.

Gabriela Santana, Leila, as netas Priscila Santana (cuidou dela nos últimos 8 meses) e Carolina Santana

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