Governo olha para o seu dinheiro esquecido e fala: “Esqueceu? Agora é meu”

  • Robson Leite
  • Publicado em 14 de setembro de 2024 às 11:00
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Na prática, o Tesouro Nacional vai considerar o dinheiro como receita primária, como se tivesse sido arrecadado via impostos.

Fazendo a limpa. Na calada da noite, a Câmara aprovou um projeto que permite que o governo considere que todo o dinheiro esquecido pelos brasileiros em contas bancárias é dele.

Se você acha que isso deve dar no máximo alguns trocados, saiba que o valor total do que os clientes deixaram parado em contas que não usam mais passa dos R$ 8,5 bilhões.

De pouco em pouco…

Ao todo, são mais de 40 milhões de pessoas e outras 3 milhões de empresas que têm dinheiro esquecido nos bancos brasileiros. Só 1% dessas contas tem mais de R$ 1000 — mais de 60% tem até R$ 10.

Se os donos não recolherem os valores em 30 dias, o governo brasileiro vai pegar tudo para ele. Na prática, o Tesouro Nacional vai considerar o dinheiro como receita primária, como se tivesse sido arrecadado via impostos.

Obviamente virou polêmica

De acordo com o portal News/Waffle, o Banco Central pediu para os deputados votarem contra a medida. Na visão do órgão, se trata de uma transferência do setor privado para o público sem autorização.

Para a oposição e os críticos da medida, o projeto é um confisco de bilhões de reais dos brasileiros — assim como Fernando Collor fez com as poupanças na década de 1990.

Se estiver curioso para ver se você tem algum dinheiro perdido por aí, clique aqui.

Da onde veio a ideia de pegar o dinheiro esquecido? 

A medida faz parte de um projeto para compensar uma redução de impostos que empresas de 17 setores tiveram com a desoneração da folha de pagamentos.

Como isso significa menos arrecadação para o governo, os deputados aprovaram que, a partir do ano que vem, elas comecem a pagar um pouco mais de impostos, de forma gradual, até 2028.

Receita extra

A proposta — inclusive a do dinheiro esquecido — foi defendida pelo governo Lula, que corre atrás da “meta do déficit zero”. Para isso, são precisos R$ 166 bi em receitas extras para terminar 2025 gastando o mesmo que arrecada.


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