Depois que um incêndio destruiu em 1998 a sede centenária da Barra Grande e da morte de Alceu em 2000, a família religou o engenho e voltou a produzir uma pequena safra de cachaça.
Em 2004, Maurílio registrou o engenho para produção comercial da bebida no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e foi fazer pós-graduação e cursos na área.
Uma parceria com a multinacional produtora da cachaça Santo Grau deu impulso ao engenho dos Cristofani. A empresa espanhola que vende seus diversos rótulos em todo o país, além de exportar para 17 países, comercializa a cachaça de origem com a história da família e da Barra Grande.
A bebida é produzida de modo artesanal no engenho da fazenda e envelhecida em tonéis de madeira sustentáveis importados da cidade espanhola de Jerez de la Frontera que eram usados para envelhecer vinho.
O envasamento e rotulagem da Santo Grau é feito em Extrema, em Minas Gerais. Já a marca original de cachaça que leva o nome da Barra Grande é produzida, envelhecida e envasada na própria fazenda.
Matéria-prima
A matéria-prima da bebida é cultivada em área de 80 hectares na fazenda. A cachaça consome apenas 10% da safra de cana e o restante é vendido para uma usina da região. A
Barra Grande também produz café em 85 hectares, além de ter pecuária de corte e madeira nobres como cedro e mogno, mais cerca de 100 eucaliptos antigos, plantados por outro tio avô de Maurílio.
O lançamento mais recente da fazenda é a cachaça branca Barra Grande que leva o nome do pioneiro Alceu Figueiredo. Com edição limitada, a bebida foi produzida com uma cana primitiva que veio da ilha de Java, na Indonésia, e foi plantada num pequeno talhão da fazenda.
Café e cana são os carros-chefes do faturamento da Barra Grande, mas a renda do turismo já agrega uma parte importante, segundo Maurílio, e vem crescendo a cada ano.
Sustentabilidade
Além de empregar 20 pessoas, entre elas o gerente Vagner Faria, pertencente à quarta geração de sua família no local, a propriedade foi finalista dois anos do Prêmio Fazenda Sustentável da Globo Rural, tem certificação ambiental da Produzindo Certo e está na Rota Gastronômica da Região dos Lagos do Rio Grande, Alta Mogiana e Caminhos da Mogiana da Secretaria Estadual do Turismo.
São oferecidos dois tipos de visitação guiada aos sábados, domingos e feriados, com agendamento prévio. Os valores dos passeios variam de R$ 15 a R$ 35 e podem ou não incluir a degustação.
O roteiro completo também inclui passagem por cachoeira, moinho de fubá, monjolo e permite conhecer objetos antigos utilizados na agricultura da época de fundação. Os turistas têm ainda a oportunidade de visitar um paiol, a adega de envelhecimento das cachaças e a fachada da casa sede.
O passeio pela Barra Grande pode ser concluído com um almoço feito com alimentos cultivados na própria fazenda. No cardápio, destaque para os croquetes de carne de porco conservada em lata em sua própria gordura, polenta frita feita com o fubá produzido em moinho de pedra mó da fazenda e tilápia empanada no fubá.
Segundo publicação do Globo Rural, o visitante pode ainda provar drinques elaborados com as cachaças locais e comprar produtos na lojinha da Barra Grande.
O próximo investimento da família deve ser a construção de chalés para oferecer hospedagem na fazenda.
“Estamos plantando as bases do turismo na fazenda, assim como as árvores de madeira nobre, para colher lá na frente”, completa Maurílio.