Faculdades pagam bolsa e seguro, mas procura cai 56% em meio à pandemia

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 30 de agosto de 2020 às 15:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:10
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Bolsas de estudo, seguros educacionais e até convênios com lojas de eletrônicos são oferecidos

Aulas presenciais nas faculdades ainda devem demorar

Com a incerteza econômica na pandemia, faculdades particulares têm queda do número de calouros e diversificam benefícios na tentativa de manter veteranos e atrair novos alunos. 

O Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior, calcula cerca de 350 mil ingressantes em instituições privadas do País no meio do ano – queda de 56% em relação ao mesmo período de 2019, com 800 mil calouros.

Bolsas de estudo, seguros educacionais, convênios com lojas de eletrônicos e até chip de internet são oferecidos aos universitários. 

Na quarentena, a maioria das graduações particulares migrou para o ensino remoto, o que forçou a adaptação de alunos e professores. Desemprego e queda na renda explicam a redução no número de calouros no meio do ano.

Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) com a Educa Insights, mais da metade dos alunos ouvidos, de um total de 748, disse que a faculdade ofereceu condição diferente para a rematrícula – descontos nas mensalidades são a vantagem mais comum.

Outras modalidades, como o parcelamento de mensalidades, também ganham força. Há dois meses, impulsionada pela pandemia, a empresa de tecnologia Quero Educação lançou programa em que complementa metade dos boletos. 

Instituições como a Metodista aderiram à modalidade. O Quero Bolsa, site que reúne descontos nas mensalidades, teve aumento de 147% de vagas ofertadas, com descontos que chegam a 80%.

Segundo estimativa do Semesp, 3,2 milhões de alunos podem deixar o ensino superior – público e privado – até o fim do ano, 10% a mais do que a evasão registrada nos anos anteriores.

Prevendo cenário difícil no início de 2021, instituições de ensino superior privadas já se articulam para que o ProUni, programa federal que oferece bolsas em faculdades particulares, seja desvinculado da nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

Isso porque os resultados do Enem, adiado para janeiro, só deverão sair no fim de março – tarde para o ingresso de alunos nas faculdades.

O exame foi adiado após pressão de alunos e educadores, que apontaram risco de competição desigual entre alunos de colégios particulares e da rede pública, que teve mais dificuldade de organizar o ensino remoto. 

Alunos com nota superior a 450 no Enem podem concorrer a bolsas do ProUni. No 1º semestre, o programa ofertou 252,5 mil auxílios do tipo.

Quando os resultados do Enem saem em janeiro (como era antes da pandemia), o aluno costuma verificar se a nota é suficiente para obter vaga no ensino superior público. Só depois parte para bolsas do ProUni.

A avaliação das instituições é que, se o processo seguir esse cronograma, o 1º semestre praticamente será perdido. 

Neste mês, o presidente Jair Bolsonaro sancionou medida provisória sobre o calendário escolar, com veto ao trecho que atrelava a concessão de bolsas do ProUni ao Enem. A medida foi resultado de pressão do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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