Estudo associa relógio biológico a transtornos de humor em adultos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de maio de 2018 às 01:24
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:44
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O maior estudo já realizado sobre o tema mostra que os ciclos diurno e noturno afetam comportamento

Um estudo divulgado
na última terça-feira, 15 de maio, pela publicação médica The Lancet Psychiatry revela que alterações no
relógio biológico podem aumentar o risco de desenvolver problemas de humor, que
variam de diferentes graus de solidão a depressão severa e transtorno bipolar.

O maior estudo já realizado sobre o tema, envolvendo
mais de 91 mil pessoas, também associa o chamado relógio biológico, ou ritmo
circadiano, a um declínio das funções cognitivas, como memória e capacidade de
concentração.

Esse ritmo, que
regula os ciclos diurnos e noturnos, influencia os padrões de sono, a liberação
de hormônios e até a temperatura do corpo.

Pesquisas anteriores também sugeriam que a disrupção
desses três fatores poderia afetar a saúde mental. Esses estudos, porém, eram
inconclusivos. A maioria dos dados eram reportados pelos próprios
participantes, concentrados em grupos reduzidos, fazendo com que as informações
fossem muitas vezes distorcidas.

Uma equipe internacional liderada pela psicóloga
Laura Lyall, da Universidade de Glasgow, analisou informações de 91.105 pessoas
com idades entre 37 e 73 anos, retiradas do banco de dados biológicos UK
Biobank do Reino Unido, um dos mais completos arquivos de saúde existentes.

Os voluntários usavam aparelhos chamados
acelerômetros, que medem os padrões dos períodos de descanso e atividade. Esses
dados foram comparados com seus registros mentais, também retirados do UK
Biobank.

Indivíduos com antecedentes de alterações em seus
ritmos naturais – os que trabalham durante a noite ou sofrem com frequência os
efeitos de longas viagens – tendem a possuir riscos de transtornos de humor,
sentimentos de tristeza e problemas cognitivos pela vida toda.

Os resultados se confirmaram também quando levado em
conta o impacto causado por fatores como idade avançada, estilo de vida não
saudável, obesidade e traumas de infância.

O estudo, porém, não é capaz de afirmar de modo
conclusivo que as perturbações no relógio biológico são causas de danos
mentais. No entanto, as conclusões “reforçam a ideia de que os distúrbios
de humor estão associados às perturbações do ritmo circadiano”, afirma
Lyall.

As medições dos ciclos de descanso e atividade podem
ser uma ferramenta útil para identificar e tratar as pessoas com risco maior de
sofrer depressão ou transtorno bipolar.

No ano passado, o prêmio Nobel de Medicina foi
dedicado a três cientistas americanos que realizaram avanços pioneiros na
compreensão do funcionamento dos relógios biológicos.


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