Estudantes brasileiros tentam se proteger da Covid ao encarar Enem e vestibulares

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 10 de janeiro de 2021 às 19:00
  • Modificado em 10 de janeiro de 2021 às 19:07
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Nos principais exames, como o Enem e Fuvest, não foi estabelecido nenhum mecanismo, como controle de temperatura dos inscritos

Apesar de recomendada, a medição sistemática de temperatura não vem sendo usada – Foto: Freepik/Jornal da Franca

Eles estudaram de máscara dentro de casa, estão há meses sem ver os pais e deixaram de sair até mesmo para ir ao mercado.

Com receio de perder os vestibulares por estarem contaminados com o coronavírus, estudantes adotaram medidas de isolamento mais rígidas nas últimas semanas.

Depois de terem sido adiados por causa da pandemia, os principais vestibulares do país acontecem agora no momento em que o país enfrenta uma escalada de casos e mortes pela Covid-19.

Em todos eles, o regulamento impede a participação de candidatos com sintomas ou suspeita da doença. As informações são da repórter Isabela Palhares, da Folhapress,

No entanto, nos principais exames, como o Enem e Fuvest, não foi estabelecido nenhum mecanismo, como controle de temperatura dos inscritos, para evitar que pessoas infectadas acessem os locais de prova.

Por isso, estudantes, principalmente aqueles que vão fazer mais de um vestibular, temem ser infectados exatamente nos locais de prova.
Gilberto Alvarez, diretor do cursinho da Poli, conta que, nas últimas semanas, muitos estudantes procuraram professores e orientadores para perguntar se devem fazer as provas. A principal preocupação deles é contrair o vírus e infectar os familiares.

“Muitos estão desesperançosos com a prova porque tiveram dificuldade de estudar, vivenciaram a perda de parentes, desemprego. Já estão desmotivados e agora enfrentam o medo da contaminação”, diz.

O cursinho orientou que façam as provas e redobrem os cuidados de higiene e distanciamento social. No entanto, Alvarez defende que um novo adiamento das provas seria a melhor opção, tanto do ponto de vista emocional dos candidatos, como para conter o avanço da pandemia no país.

O Enem, que tem quase 6 milhões de inscritos, é a prova vista como mais preocupante. Na sexta-feira (8), a Defensoria Pública da União entrou com uma ação na Justiça Federal para o adiamento do exame.

“É falta de sensibilidade humana realizar uma prova com esse tamanho neste momento. Os jovens estão ansiosos, tiveram dificuldade de estudar e estamos no meio de uma segunda onda da doença”, diz Alvarez.

Vitor Ricci, coordenador do Curso Poliedro, diz que a ida ao vestibular tem sido o primeiro contato de grande circulação de muitos estudantes, já que a maioria preferiu continuar estudando em casa mesmo com a liberação para a reabertura parcial das escolas em São Paulo.

“Eles estão há meses se cuidando, se isolando para evitar o contágio, e precisam ir pela primeira vez a um local com muitas pessoas. Isso tem aumentado a ansiedade e medo dos alunos.”

O maior receio relatado é que pessoas doentes escondam os sintomas para não perder a data da prova e, portanto, a chance de uma vaga na universidade.

No vestibular da Unicamp, na última quinta (7), um candidato foi desclassificado após apresentar sintomas relacionados à Covid-19.
O caso foi detectado após aferição de temperatura quando um fiscal suspeitou da doença, mas o procedimento não foi adotado para todos os participantes.

“Os vestibulares adotaram poucos procedimentos de segurança, a única garantia é da responsabilidade de cada um, o que é bem complicado em um processo seletivo tão disputado”, diz Tobias Prado, 20, que quer uma vaga em psicologia na USP.


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