Especialista diz que preconceito dificulta combate à hanseníase até nos dias atuais

  • Roberto Pascoal
  • Publicado em 19 de novembro de 2024 às 15:00
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Entre os anos de 2016 e 2020, relatórios mostram que foram diagnosticados no Brasil cerca de 155 mil casos

Por muitos anos conhecida como lepra, a hanseníase é uma doença que atinge um grande número de brasileiros ainda hoje e, lamentavelmente, é negligenciada por muitos.

Por isso, são realizadas campanhas com o objetivo conscientizar as pessoas sobre a enfermidade e, por meio do conhecimento, acabar com o preconceito e ajudar no diagnóstico.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre os anos de 2016 e 2020, foram diagnosticados no Brasil cerca de 155 mil casos da doença, que apresenta sintomas como manchas com perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato; formigamentos, agulhadas, câimbras ou dormência em membros inferiores ou superiores; e diminuição da força muscular, dificuldade para pegar ou segurar objetos, ou manter calçados abertos nos pés.

O dermatologista Marcos Florian afirmou que a hanseníase pode demorar anos para manifestar sintomas e que a melhor forma de prevenção é encontrar infectados.

Endêmicos

“A partir do momento que essa pessoa é encontrada e começado o tratamento, ela já não transmite mais”, explicou.

Florian falou que casos em crianças ou jovens podem apontar um número grande de infectados em uma região. “Apesar das crianças terem menos chance, pela característica da doença de precisar de muito tempo para se desenvolver, lugares muito endêmicos fazem com que elas sejam acometidas também”.

A doença, que pode ser transmitida pelas vias respiratórias, por meio de espirros ou tosse, já fez com que muitas pessoas fossem excluídas de seus núcleos familiares, sociais e profissionais. Para o dermatologista, a sociedade tem uma dívida histórica com vítimas dessas situações.

Estigma

“A gente tem uma dívida grande com muitas famílias. Existem casos de filhos que foram afastados dos pais, que foram dados para adoção, que descobriram quem eram os pais já adultos”.

Ele disse ainda que um dos motivos que mais dificultam o diagnóstico é, justamente, o preconceito.

“O estigma é um dos grandes problemas que nós temos com a hanseníase, porque, além de todo o problema que ela causa, das incapacidades, das lesões, o paciente, muitas vezes, tem que enfrentar o preconceito. Isso faz com que a doença fique escondida”, contou.


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