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Presença de solventes faz deles um dos cosméticos mais alergênicos e poluentes encontrados nas prateleiras
Em torno dos tradicionais frascos coloridos de
esmaltes há uma série de ideias preconcebidas: o vermelho é sexy; o nude,
elegante; o branco, inocente. E por aí vai.
Mas dentro de cada vidrinho existem também vários
elementos que não são passíveis de opinião nem de construção social:
substâncias que a ciência já sabe que fazem mal ao corpo e ao meio ambiente.
Por isso, a turma antenada em sustentabilidade e em
beleza natural elegeu tal produto como inimigo número um do nécessaire verde. “Um
esmalte é, basicamente, uma combinação de resinas plásticas, solventes e
pigmentos. É uma mistura de muitos elementos sintéticos e ruins, por isso
sempre brinco dizendo que é quase uma tinta acrílica de parede”, diz a
dermatologista Patrícia Silveira.
Não à toa, ele é um dos produtos que mais causam
irritações na pele, principalmente pela presença de solventes como
dibutilftalato (DBP), formaldeído e tolueno (esses dois últimos com potencial
cancerígeno). “Raramente, a alergia aparece na unha ou no dedo. Ela costuma surgir
na pálpebra ou no pescoço, áreas de pele mais fina e que a mão está sempre
encostando”, explica Patrícia. “A pessoa acaba achando que é uma reação, por
exemplo, à maquiagem. Mas não é.”
Cientes dos malefícios das composições tradicionais
e fazendo de tudo para não perder consumidores (segundo dados da agência de
pesquisa Euromonitor, o mercado brasileiro de produtos para unhas movimentou
cerca de R$ 1,9 bilhão em 2018, sendo o maior do mundo, atrás apenas dos
Estados Unidos), marcas de cosméticos têm lançado um grande leque de opções até
“5free” (muitos deles com a palavra hipoalergênico no rótulo), ou seja, sem os
cinco componentes mais perigosos, que, além de interferirem na saúde, acumulam-se
no ambiente aquático de forma tóxica.
As pesquisas em relação a ingredientes menos
tóxicos e mais sustentáveis também segue a todo vapor para atender a quem está
preocupado com o futuro.
Um exemplo é o que acontece no laboratório de
nanotecnologia do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em
Campinas. “Uma das nossas análises é o uso de materiais, como nanocelulose, em
cosméticos, algo bastante promissor por ser sustentável e aparentemente não ter
tanta toxicidade”, explica a pesquisadora Juliana Bernardes, que acredita, nos
próximos anos, poder usar esses ingredientes em produtos como esmaltes.
Enquanto a química verde ainda não traz produtos
para unhas definitivamente naturais, tem gente pouco disposta a esperar e que
já aboliu de uma vez por todas o esmalte da vida. É o caso da consultora de
imagem carioca Gabriela Ganem, de 32 anos, que há dois excluiu esmaltes de sua rotina.
“Você não precisa ter a unha pintada para que ela seja bonita. Ela pode estar
lixada, hidratada”, diz Gabriela, que tomou tal decisão por causa da vontade de
ter um visual mais natural e por consciência social. “Nunca tive alergia, mas
comecei a ter questões com a toxicidade, pensava nas manicures o dia inteiro
aspirando aquilo, o que me deixou mais convicta em não usar nada.”