Processo de beatificação do padre que morou em Franca; entenda como é

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de novembro de 2019 às 18:25
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:02
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Padre Donizetti Tavares de Lima nasceu em Cássia, morou muitos anos em Franca e daqui foi ao seminário

Assinado pelo Papa Francisco em abril deste ano,  decreto que dá o título de beato ao padre Donizetti Tavares de Lima abriga uma longa história de estudo, pesquisa, análises e, principalmente, esperança. 

O processo foi iniciado há 27 anos pela Igreja Católica, em Tambaú (SP).

Com a beatificação oficializada em uma missa no próximo sábado (23), o trabalho continua em busca da canonização, que é quando ele será considerado santo. 

Veja abaixo como se iniciou o processo, as etapas, os critérios para o reconhecimento de um milagre e os próximos passos.

Início do processo

Segundo o jornalista Francisco Donizetti Sartori, um dos membros da Comissão Pró-Beatificação de Padre Donizetti, o minucioso processo foi iniciado por fiéis voluntários em nível diocesano, que é quando uma comissão é montada para criar um dossiê e enviar ao Vaticano.

A solicitação desse processo foi feita pela Câmara Municipal de Tambaú. O Vaticano exige que o município onde os restos mortais do candidato estão sepultados faça o pedido.

Sartori também é autor de uma biografia do padre. Ele entrevistou 48 pessoas que conviveram com o sacerdote e fez inúmeras visitas às cidades relacionadas à vida do sacerdote. 

Ele também auxiliou na busca pelo reconhecimento do milagre do menino Bruno, que resultou no decreto de beatificação.

Exigências

Sartori explica que o processo de beatificação tem um grau de exigência avançado justamente para que o título seja dado a quem realmente impactou a vida das pessoas por meio da fé.

Segundo o membro da comissão, a beatificação é o terceiro título que se dá ao candidato durante o processo que o tornará santo. (veja abaixo como são as etapas).

Critérios para reconhecer um milagre

No caso do padre Donizetti, a primeira parte da documentação reuniu cerca de 1,8 mil páginas de histórias, laudos e provas da devoção das pessoas. Durante o processo, a igreja recebeu cartas, e-mails e relatos de todos os continentes.

De acordo com Sartori, para que os relatos de cura sejam considerados como um milagre do padre Donizetti, é preciso atender aos seguintes requisitos:

  1. Pedido feito para o padre: é necessário que a pessoa não tenha pedido para outro santo, apenas para o beato e Nossa Senhora Aparecida, para garantir que quem intercedeu pela cura foi ele;
  2. Instantâneo: a graça precisa ter sido alcançada imediatamente após o pedido;
  3. Duradouro: é importante que a cura seja para a vida toda;
  4. Sem sequelas: se a cura não é completa, o milagre não será considerado para a canonização;
  5. Reconhecimento científico: a ciência precisa reconhecer que ela não tinha condições de curar da maneira que aquela pessoa foi curada.Trajetória do processo de Donizetti
    • Trajetória do processo de Donizetti

    • 21 de maio de 1991: A Câmara Municipal solicitou ao Bispo da Diocese de São João da Boa Vista a abertura do processo.
    • 21 de fevereiro de 1992: O processo foi oficialmente aberto em nível diocesano. Para isso, a comissão deu início à ampla pesquisa sobre a vida, virtude e fama de santidade de padre Donizetti. 
    • 2 de dezembro de 1996: Conhecimento da abertura do processo no Vaticano e concessão do título “servo de Deus” ao padre Donizetti pela Congregação para a Causa dos Santos. A igreja concede esse título à pessoa cujo processo de canonização foi oficialmente aberto.
    • 16 de março de 1997: Abertura do processo de beatificação e constituição do Tribunal Eclesiástico, que ficaria responsável pelos exames, discussões e decisões a partir dos documentos apresentados.
    • 8 de maio de 2009: Exumação dos restos mortais de padre Donizetti para averiguação se ele estava enterrado em Tambaú. A etapa foi autorizada pela sobrinha do sacerdote.
    • 16 de maio de 2009: Encerramento da fase diocesana e trasladação dos restos mortais para o Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Tambaú.
    • 14 de setembro de 2009: Abertura da fase romana, no Vaticano.
    • 29 de outubro de 2010: A Congregação para a Causa dos Santos assinou o decreto validando o processo.
    • 6 de maio de 2013: Entrega da “Positio”, um documento oficial que precede a terceira fase do processo de santidade, que reunia a vida e as virtudes do, até então, servo de Deus.
    • 10 de outubro de 2017: A Congregação para a Causa dos Santos concede ao padre Donizetti o título de “venerável”. A igreja decreta que o candidato se destacou pelas suas virtudes cristãs heroicamente vividas.
    • 6 de abril de 2019: O Papa Francisco recebe, em audiência, o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, o cardeal Angelo Becciu e autoriza a promulgação do decreto que reconhece o milagre atribuído à intercessão do padre Donizetti.
    • 8 de abril de 2019: É promulgado o decreto que concede o título de “beato” ao padre Donizetti. Com a beatificação, o candidato pode ser cultuado em sua região de origem, ou seja, capelas e igrejas podem receber o nome dele.
    • 23 de novembro de 2019: Missa de beatificação.

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