Endividamento das famílias bate recorde devido ao uso excessivo do cartão de crédito

  • Robson Leite
  • Publicado em 12 de julho de 2024 às 10:00
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As armadilhas do cartão de crédito, como a possibilidade de parcelamento em muitas vezes, são atraentes, mas perigosas

O percentual de famílias endividadas no Brasil atingiu 78,8% em maio deste ano, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Em abril, a taxa era de 78,5%, enquanto em maio de 2023, a proporção de endividados era de 78,3%. Esse cenário alarmante é impulsionado principalmente pelo consumo excessivo de cartões de crédito

A professora do curso de Administração da Estácio, Mayanna Marinho, destaca a necessidade urgente de repensar os hábitos de consumo e a gestão financeira familiar.

“O brasileiro tem o hábito de parcelar suas compras e raramente paga à vista. Embora o ideal fosse pagar tudo à vista, a realidade financeira não permite isso. Portanto, o primeiro passo é avaliar o valor das parcelas que cabem no orçamento mensal” explica a professora.

Consumo de supérfluos

Ela enfatiza que, se a parcela não cabe no orçamento, é preciso parar de consumir itens supérfluos e evitar usar o cartão de crédito para despesas diárias que deveriam ser pagas com a receita do dia.

“O uso excessivo do cartão de crédito geralmente está ligado ao consumo de coisas supérfluas ou à falta de dinheiro para pagar contas mensais,” observa Mayanna.

Mayanna também destaca a importância do planejamento financeiro familiar. “O orçamento familiar deve ser feito em conjunto, com a participação de todos os membros da família. É necessário mapear todas as despesas, como aluguel, contas de luz, água, condomínio, comida e internet, para entender quanto se consome em cada área e quanto pode ser destinado a lazer e outras despesas extras” aconselha.

Bola de neve de juros

Para aqueles já endividados, especialmente no cartão de crédito, Mayanna recomenda evitar pagar apenas o valor mínimo da fatura.

“Isso cria uma bola de neve de juros sobre juros. É essencial negociar com os credores e cortar o uso do cartão até que a dívida seja liquidada. Mantenha o foco em pagar o que está comprometido e reorganize todo o consumo para conseguir saldar as dívidas” orienta.

As armadilhas do cartão de crédito, como limites de consumo altos e a possibilidade de parcelamento em muitas vezes, são atraentes, mas perigosas.

“O cartão de crédito pode oferecer uma sensação enganosa de capacidade de compra, levando as pessoas a adquirirem bens mais caros do que realmente podem pagar,” adverte Mayanna.


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