Empresa de calçados que nasceu em meio a crise cresce e vira exportadora

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 15 de outubro de 2020 às 12:56
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:33
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A La Femme é de Birigui, em São Paulo, e fruto de uma ideia ousada tida durante a crise 2008

“Nasceu dentro de uma caixa de sapato.” Essa é a frase que José Augusto Barboza, 26, usa para descrever seu pai, Renato Barboza, fundador da La Femme, empresa familiar de calçados nascida em Birigui, no interior de São Paulo. A companhia com fábrica própria, que hoje produz sapatos para mais de mil multimarcas do Brasil e do mundo, tem uma história de mais de 80 anos e é gerenciada pela terceira geração da família.

A inserção no ramo dos calçados começou em 1939, com o bisavô de José Augusto, que era viajante e vendia sapatos na cidade de Franca, também no interior de São Paulo. A habilidade de vendas foi passada de pai para filho. O avô da família, também francano, tornou-se então representante de calçados de uma fábrica e lojista em São José do Rio Preto, interior paulista. Passando para a próxima geração, Renato Barboza assumiu a representação do pai na cidade.

Em 1982, Renato foi para o Canadá, onde aprimorou seu inglês. Mais tarde, graças à fluência na língua estrangeira e à fase de abertura das exportações no país, viajou mais de 50 países vendendo sapatos e representando marcas nacionais. Em meio ao sucesso, mal poderia imaginar que sua carreira como representante estava com final marcado.

À beira da crise mundial de 2008, a fábrica em que Renato trabalhava estava para fechar. Sem ter como arranjar um novo emprego ou abrir um negócio, o representante de São José do Rio Preto recebeu o convite de Jeff Tjon, um amigo do Suriname residente no Brasil, para uma fazer uma parceria: ir à China importar calçados.

Em 1950, o bisavô da família dirigia um carro em que estava escrito

Em 1950, o bisavô da família dirigia um carro em que se lia “Se depender de Franca, o Brasil andará calçado” 

Oportunidade em meio à adversidade

A história da La Femme teve início em meio a turbulências. As consequências da crise financeira tornavam os negócios mais difíceis. Para proteger a indústria nacional, o governo brasileiro passou a adotar as medidas antidumping. Assim, todo sapato fabricado na China era taxado ao chegar no país para ser vendido. A ação, somada ao cenário macroeconômico de 2008, passou a inviabilizar as operações da parceria.

Buscando uma luz no fim do túnel, a dupla de amigos optou por iniciar a fabricação própria dos calçados. Em vez de importar os produtos finalizados, passaram então a comprar as peças necessárias para realizar a produção.

O local escolhido para sediar a fábrica foi Birigui, cidade referência em calçados infantis, mas que levava a fama de oferecer produtos baratos e sem qualidade. De acordo com José Augusto Barboza, que assumiu a direção da empresa no ano passado, a aspiração inicial da La Femme era quebrar esse paradigma. Formado em Administração pela FAAP, ele relembra: “Meio que ignoramos o fato de haver uma crise e apostamos em ter algo em que a gente acreditava”.


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