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Segundo idealizadores do Escuta Ativa, número de medidas protetivas cresceu 47,8% na região. Mulheres podem buscar ajuda por canais no Whatsapp e no Instagram
A advogada Carolina Scavassini e o promotor de Justiça, Cláudio Scavassini
Vinte anos de silêncio. Foi o tempo que uma mulher passou em Franca sem revelar as agressões praticadas pelo marido.
“Inicialmente, a violência é psicológica. Ela vem com muita pressão e qualquer coisa que você faça, nada muda aquele padrão”.
“E aí vem o primeiro tapa e daí em diante vem outras agressões mais sérias. Então você levou um tapa na cara porque você falou alguma coisa que o outro não gostou. Você leva um chute, você leva um empurrão, você sofre fraturas, e tudo a pessoa tem sempre um porque. Por um tempo você acaba acreditando nisso, que a culpada é você.”
Desde 2020, a região registrou cerca de 20 assassinatos de mulheres que sofriam algum tipo de violência por parte do ex ou de atuais companheiros.
Para ajudá-las a denunciar os casos, orientá-las e encaminhá-las para serviços de apoio, em 2021, foi criado o Instituto Escuta Ativa, que atua na região de Franca.
A iniciativa, desenvolvida pelo promotor de Justiça Cláudio Escavassini e pela advogada Carolina Gonçalves de Oliveira Escavassini, atendeu cerca de 270 mulheres em um ano. Uma delas é a que viveu 20 anos sendo vítima do marido.
“Eles me deram todo o respaldo, orientação e foi um acolhimento que nunca imaginei que eu pudesse ter na vida. Isso deu uma força gigante para eu me reconstruir”, diz.
Como o projeto funciona?
Projeto Escuta Ativa é voltado para vítimas de violência doméstica e o contato pode ser feito pelo Instagram e WhatsApp
Cláudio e Carolina já trabalhavam no combate à violência contra a mulher, mas decidiram unir forças para dar forma ao projeto de apoio, principalmente com a pandemia de Covid-19, quando os casos aumentaram devido ao isolamento social.
A preocupação com a falta de acesso à informação por parte das vítimas também preocupava o casal.
“Diante da pandemia e da dificuldade das mulheres em terem conhecimento a respeito de quais os órgãos ou instituições estavam funcionando ou não, desse acesso às políticas públicas diante das políticas de isolamento, nós vislumbramos a necessidade de algo mais próximo dessas mulheres”, afirma.
As vítimas podem entrar em contato pelo WhatsApp no número (16) 99184-4403 e no perfil @institutoescutaativa no Instagram.
Por meio desses canais e sem a necessidade de identificação, elas recebem apoio e encaminhamento para atendimentos.
Medida protetiva
De acordo com um levantamento do Ministério Público, a cada 100 mulheres vítimas de violência doméstica no estado de São Paulo, apenas três delas procuraram a Justiça em busca de medidas protetivas contra os agressores.
Na região de Franca, a procura por essas medidas aumentou 47,82% de janeiro a outubro de 2021.
Para o promotor de Justiça, a importância da atuação do instituto se evidencia frente a essa realidade.
Ele destaca que a busca da vítima por profissionais e instituições de apoio é um importante passo em direção ao fim do ciclo de violência.
“Aos poucos, diante dessas agressões e violações que ela vem sofrendo durante a sua vida, ela vai se distanciando e ficando isolada”.
“O Escuta Ativa vem com essa finalidade, para mostrar para essa mulher que ela não está sozinha, que existem outras instituições e serviços no nosso município e em todos os municípios que podem atender e fazer com que ela se fortaleça e consiga romper esse ciclo de violência”, afirma Escavassini.
*Informações G1