Economia em alta vai aumentar empregos e salários, dizem especialistas

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  • Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 10:34
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:15
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Segundo Fecomércio-SP, micro e pequenas empresas devem brilhar na geração de oportunidades em 2020

Mercado financeiro, seguros, tecnologia, engenharia, recursos humanos, marketing e jurídico. 

Quem trabalha em alguma destas sete áreas terá mais chance de encontrar um bom emprego — e um ótimo salário — neste ano, segundo o Guia Salarial da Robert Half 2020, elaborado pela consultoria global de carreiras.

As oportunidades de emprego no mercado brasileiro serão puxadas, principalmente, pelo esperado reaquecimento da economia e o crescimento do consumo, com destaque para a alta da construção civil e produção industrial. 

De acordo com especialistas, muitas empresas terão de desengavetar projetos de expansão e lançar produtos, movimento que vai demandar a contratação de novos funcionários.

On-line

Nesse contexto, o potencial maior estará no campo da chamada transformação digital, que é um reposicionamento das empresas para os negócios digitais, serviços por sites e aplicativos.

“A expansão das oportunidades de negócios em locais de trabalho cada vez mais abertos para a tecnologia exige treinamento e orientação, além da capacidade de atrair e reter os melhores talentos disponíveis”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half no Brasil.

“O sentimento dos executivos c-level é otimista, mas atributos como agilidade comercial, capacidade tecnológica e planejamento futuro permanecem vitais para o crescimento contínuo dos negócios.” 

O potencial de vagas qualificadas em 2020 não se limita aos projetos de grandes empresas e de multinacionais. 

Um estudo da Fecomércio-SP aponta que as micro e pequenas empresas, muitas delas startups, devem brilhar neste ano na geração de oportunidades.

“Quem vai procurar emprego no ano que vem deve ter um olhar carinhoso para as micro e pequenas empresas. Nesse caso, demonstre vontade, olho no olho, bata perna para procurar essas vagas. Essas são as principais características em termos de geração de emprego”, diz o economista da entidade, Jaime Vasconcellos. 

O especialista estima um aumento de 1,1% a 2,5% no mercado de trabalho em decorrência de um dinamismo maior na economia.

Recuperação gradual

O mercado de trabalho, embora ainda em ritmo discreto, vem se recuperando nos últimos meses.

A taxa de desemprego fechou em 11,2% no trimestre encerrado em novembro (último dado disponível), caindo tanto em comparação com o trimestre anterior, quando a taxa registrada foi de 11,8%, quanto em relação ao mesmo trimestre de 2018 (11,6%).

O recuo no desemprego foi acompanhado, mais uma vez, pelo aumento das vagas sem carteira de trabalho assinada, que bateram recorde, um dos desafios para o mercado de trabalho em 2020. 

A população desocupada, de 11,9 milhões de pessoas, também caiu em ambas as comparações: -5,6% (ou 702 mil pessoas a menos) em relação ao trimestre anterior e -2,5% (300 mil pessoas a menos) em relação ao mesmo trimestre de 2018.

Esse nível de desocupação é o mais baixo desde o trimestre encerrado em maio de 2016 (quando também bateu 11,2%). 

Para trimestres encerrados em novembro, é o menor desde 2015, quando a taxa ficou em 9%. 

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa não usa só os trimestres tradicionais, mas períodos móveis (como fevereiro, março e abril; março, abril e maio etc.). 

O que a empresa faz

Para Alexandre Slivnik, especialista em recursos humanos, diretor da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e especialista em excelência em atendimento pela Universidade de Harvard, para ter mais chance de alcançar uma posição melhor no trabalho em 2020 é importante ter um bom entendimento dos objetivos da organização em que atua. 

“Além do relacionamento com a equipe e os líderes, é preciso ajudar a empresa a prosperar de todas as maneiras, seja ajudando os colegas em processos mais difíceis, sugerindo mudanças que podem ser positivas e realmente ter ações que se conectem com o propósito da empresa”, garante o diretor da ABTD.

Entre as vagas que exigem menos qualificação, as boas perspectivas se concentram no comércio, que entrou o ano embalado pelos bons resultados de 2019. 

As vagas temporárias abertas no comércio por causa das datas comemorativas de fim de ano contribuíram para a queda de 0,7 ponto percentual na taxa de desocupação. Foi a maior redução da série histórica, junto com a do trimestre encerrado em agosto de 2017.

“Ficamos dois anos, em 2015 e 2016, sem ter a sazonalidade já que não havia geração de postos suficientes para atender à demanda por trabalho”, diz a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy.

“O comércio demostrou movimento positivo no trimestre fechado em novembro, o que consideramos estar relacionado às datas comemorativas como Black Friday e a antecipação de compras de final de ano.”

Mudar de emprego exige planejamento

Um dos maiores especialistas em carreiras e mercado de trabalho do Brasil, Alberto Roitman afirma que o ano-novo exige também uma nova postura de quem pretende dar um upgrade na carreira.

Escritor e consultor, autor dos livros Você é o que você entrega! e A Última Chance!, ele garante que a chave do sucesso, além da qualificação, será o marketing pessoal. “Em 2020, não teremos espaço para a humildade burra. Como 2020 vai ser o ano da ousadia, faça seu marketing pessoal. Ouse e deixe claro para todos ao seu redor a sua ambição”, diz. 

Roitman conta que esteve em pelo menos 150 empresas em 2019, falando com aproximadamente 10 mil pessoas em treinamentos e palestras. Uma das conclusões é de que o comportamento pessimista prejudica o ambiente de trabalho e contamina toda a equipe. 

“Apesar dos indicadores econômicos darem sinais de melhoria, é muito cedo para dizer que a crise passou. Isso não significa que você vai culpar o mercado, os concorrentes ou o governo pela demora da concretização dos indicadores. Apesar de a tentação ser grande em dizer que ainda estamos em dificuldade, o objetivo aqui é se distanciar dos pessimistas.”

Outra dica importante para quem busca um lugar ao sol no mercado de trabalho ou pretende melhorar de cargo e salário é o chamado networking, prática que consiste em investir no fortalecimento de seus contatos profissionais. 

“Devemos fazer networking todo dia, toda hora. Faça uma lista de 100 pessoas de que precisa se aproximar. Trate a sua carreira como um grande projeto. Mas para que as coisas aconteçam, você precisa se aproximar das pessoas certas”, aconselha Roitman.

O especialista dá outras sugestões. “Faça uma lista de pessoas que você precisa se relacionar e se aproximar para ser visto e lembrado. Essa dica é chave, pois ela representa uma forte essência do que é o marketing pessoal. Em seguida, trace uma estratégia para conversar com cada uma dessas pessoas de maneira quinzenal ou mesmo semanal.” 

*Correio Braziliense


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