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Pandemia forçou o surgimento de um novo público consumidor e também diversificou o comércio virtual
(Folhapress) – O comércio eletrônico, que já crescia de modo expressivo no Brasil, deslanchou em 2020. Além da alta no faturamento, também chamou atenção a mudança nos hábitos de consumidores em relação à compra online.
Nos meses de pico da restrição social, como abril e junho, mais de 5,7 milhões de clientes fizeram a sua primeira aquisição pela internet, segundo dados da Neotrust.
A pandemia forçou o surgimento de um novo público consumidor e também diversificou o carrinho de compras online, incluindo produtos que antes só eram adquiridos no supermercado.
No pré-Covid, o brasileiro usava a internet para adquirir bens duráveis, como smartphones, televisores e eletrodomésticos; durante a pandemia, compras de rotina, como bens perecíveis, itens de limpeza e de farmácia, viraram hábitos de consumo.
O resultado disso é que pequenas empresas foram para o online, investindo em canais próprios ou utilizando a estrutura de gigantes, como o marketplace da Magazine Luiza, e as grandes anteciparam em anos a digitalização do varejo.
“Na primeira quinzena de março, vimos aceleração gigantesca de digitalização de empresas que estavam apenas no offline. Elas viam o online como alternativa, mas ainda não atuavam. Aumentou o número de consumidores, mas aumentou muito o de lojas e o marketplace, com pequenas empresas na vitrine de grandes marcas”, afirma Felipe Brandão secretário-executivo da Câmara Brasileira de Economia Digital, que reúne dados do ecommerce.
Segundo a entidade, o faturamento do comércio eletrônico cresceu quase 50% no acumulado do ano em outubro (último dado fechado pelo levantamento), na comparação com o mesmo período de 2019.
De julho a setembro, a penetração de consumidores no comércio digital, considerando a população de internautas no país, foi de 18%.
No mesmo período do ano passado, havia sido de 11,3% e, em 2018, de 8,5%.
Apesar da crise econômica, o setor de tecnologia seguiu contratando neste ano, impulsionado pela expansão dos meios online de comunicação e compras. A facilidade de adaptação do setor ao home office – prática já adotada em alguma medida antes da pandemia – também favoreceu-o na pandemia.
A própria possibilidade de adoção da modalidade de trabalho remoto passou a refletir as desigualdades do país neste ano. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 7,9 milhões de brasileiros estavam em home office no final de setembro. No início da série, em maio, eram 8,6 milhões.
Segundo especialistas, o trabalho remoto é um benefício adicional para os mais qualificados, principalmente aos que têm mais escolaridade.
Os dados do IBGE reforçam essa visão. Cerca de 73% dos que trabalhavam remotamente em julho concluíram o ensino superior completo ou uma pós-graduação. Menos de 1% não completaram o fundamental.