Falece aos 95 anos, Dom Cipriano Chagas, fundador da Comunidade Emanuel

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de julho de 2018 às 00:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:53
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Nascido em Passos, Minas Gerais, Dom Cipriano viveu parte de sua juventude e vida adulta em Franca

A
Comunidade Emanuel comunicou o falecimento do seu fundador e presidente, Dom
Cipriano Chagas no último domingo, 22 de julho, por volta das 16h30, no
Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro. O monge faleceu de causas naturais.

O
corpo será velado na Capela de Emaús, no Mosteiro de São Bento a partir das 9h
desta segunda-feira, 23 de julho, e a missa de corpo presente será realizada às
14h.

Infância

Com
o nome de batismo de Wagner Cintra Chagas, Dom Cipriano nasceu em 13 de
fevereiro de 1923, em Passos, Minas Gerais, filho do cirurgião dentista Antônio
Rodrigues Chagas e da dona de casa Luíza de Souza Cintra, que tiveram seis
filhos.

Aos dez anos de idade, em 1933,
Wagner mudou-se para Ribeirão Preto, onde fez o ginásio. Apesar da família
espírita, vivia entre católicos não praticantes e, por iniciativa própria,
procurou preparar-se para a Primeira Comunhão.

Juventude

Terminado
o ginásio voltou para Franca e um ano depois foi para São Paulo, onde formou-se
em Contabilidade e Economia na Escola de Comércio Álvares Penteado. Formado,
prestou concurso para o Banco do Brasil, e se fixou naquela cidade.

Quando o Brasil entrou na II
Guerra Mundial, Wagner foi convocado pela FEB, mas não chegou a ser enviado ao
campo de batalha.

Em 1946 foi contratado como
locutor pela BBC em Londres, Inglaterra do pós-guerra.

De volta ao Brasil

De
volta ao Brasil, em São Paulo, passou a frequentar o meio esotérico, depois a
Rosa-Cruz.

Fez
concurso para a Light, veio para o Rio de Janeiro e frequentou seis meses a
umbanda, levado por um colega de trabalho.

Continuando sua busca
profissional, fez concurso para fiscal de rendas, em São Paulo. Após ser
aprovado e nomeado, voltou para Franca e começou a namorar Rachel Ribeiro
Vieira, moça de família católica. Para continuar o namoro teve que assumir o
compromisso de se converter ao catolicismo.

Casaram-se em 1954 e tiveram um
filho, Eduardo, que, infelizmente, faleceu logo após o nascimento, em junho de
1956.

A partir da perda, quando teve que
consolar a esposa e a si mesmo, intensificou sua busca pessoal, lendo e
estudando. Acabou influenciado, como ele mesmo dizia, por Tomás Merton (1915
-1968 monge trapista, escritor católico do século XX, poeta, ativista social e
estudante de religiões comparadas; escreveu mais de setenta livros, a maioria
sobre espiritualidade) cujo livro “A montanha dos sete patamares”, sobre
Eucaristia e o poder de Cristo na Eucaristia, começou a despertar sua vocação.

Em outubro de 1957, um ano e
quatro meses após a morte de Eduardo, sua esposa Rachel faleceu repentinamente.

Nasce o monge

Levado
por um casal de amigos ao Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, decidiu
fazer o retiro de Carnaval, orientado por Dom Inácio Accioly, então Abade do
mosteiro.

Depois do retiro voltou a Franca,
viajou aos Estados Unidos, retornou e, finalmente, se rendeu: entrou para o
mosteiro em 1959 e, em 1965 foi ordenado sacerdote, escolhendo o nome de
Cipriano.

Imediatamente começou a trabalhar
nos Cursilhos de Cristandade. Espírito inquieto, ao sentir a necessidade de dar
assistência psicológica e moral às famílias, resolveu fazer o mestrado em
Psicologia Pastoral na PUC do Rio de Janeiro e extensão no Instituto Católico
de Paris, de 1973 a 1975. Aproveitou para frequentar aulas sobre Psicanálise,
de Lacan, na Universidade de Sorbonne.

Ainda em Paris conheceu a
Renovação Carismática na Igreja Saint Sulpice local onde teve sua primeira
experiência com os carismas do Espírito Santo.

Em 1976, já de volta ao Rio de
Janeiro, funda a Comunidade Emanuel, nos moldes do que tinha visto na França.

Com a missão de evangelizar, curar
e libertar as pessoas, no poderoso nome do Senhor Jesus e na experiência dos
dons do Espírito Santo, dom Cipriano passa a percorrer todo o país. E, para
ampliar o escopo de seu trabalho. Em 1978, a revista Jesus Vive e é o Senhor
como veículo de formação, ensinou evangelização em todo o Brasil.

Fundou
a Edições Louva-a-Deus, que já editou suas obras além de livros de vários
escritores nacionais e internacionais.
Sempre com objetivo de evangelizar, Dom Cipriano publicou mais de 50 livros, acumulando um acervo de mais de 6.000
palestras em áudio.

Além disso, em 1989 assumiu a
Sociedade Providência (instituição educativa, destinada a formação integral de
crianças de 03 a 11 anos, buscando seu desenvolvimento intelectual, físico,
emocional, cívico e moral, em cursos de Maternal, Jardim de Infância, e Ensino
Fundamental, criada em 1936 e que hoje atende a mais de 200 crianças de
famílias com renda até três salários mínimos na Escola Dom Cipriano Chagas).

Em 1989 adquiriu uma área em
Teresópolis, no Rio, estabelecendo o Refúgio Nossa Senhora das Graças, local
destinado a retiros mais longos da Comunidade Emanuel, situada em Venda Nova (
distrito de Teresópolis) que, além de realizar retiros espirituais, durante 4
anos atendeu à comunidade local com o Curso Básico de Hotelaria.

Em 1999, alugou a Casa Nossa
Senhora de Lourdes, no centro de Teresópolis, onde funciona uma central de
atendimento de aconselhamento espiritual e oração, missas, adorações ao
Santíssimo Sacramento e grupo de Oração.

Em 2005 comemorou 50 anos de
sacerdócio no Mosteiro de São Bento. Na ocasião, sua mãe, comemorou seu
centenário.

Completamente dedicado à
Evangelização, Dom Cipriano tem uma obra importante, tendo ministrado
palestras, realizando cursos, organizando grupos de oração. Ou seja, divulgando
incansavelmente a espiritualidade da renovação carismática católica.

A partir de agora, a Comunidade
Emanuel contará com a orientação espiritual do Abade do Mosteiro de São Bento,
Dom Filipe da Silva, OSB.