Dieta do ovo: comer um, dez ou dezenas funciona para emagrecer e ganhar músculos?

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 27 de novembro de 2024 às 12:30
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Dieta do ovo está viralizando nas redes sociais; influenciadores mostram perda rápida de peso, mas será que é saudável?

Dieta do ovo está viralizando nas redes sociais; entenda os riscos – foto Freepik

 

A influenciadora Virgínia Fonseca revelou nas redes sociais que aderiu a uma dieta baseada em claras de ovos para perder peso.

Compartilhando fotos de refeições que incluem dezenas de claras e detalhando sua rotina intensa de treinos, ela diz estar satisfeita com os resultados.

No entanto, nutricionistas alertam que essa estratégia é arriscada, pode levar ao efeito sanfona e até desencadear transtornos alimentares.

Dietas restritivas: o que dizem os especialistas

Embora o ovo seja um alimento nutritivo e fonte de proteínas, utilizado tanto para perda de peso quanto para ganho de massa muscular, especialistas reforçam que ele não deve ser o único componente de uma dieta.

Giuliana Guarnieri, nutricionista, explica que perder peso depende de um déficit calórico, mas que dietas extremas, como a baseada exclusivamente em ovos, são prejudiciais.

“Uma dieta que exclui importantes grupos alimentares causa não apenas perda de peso, mas também deficiência de nutrientes essenciais para a saúde,” afirma Giuliana.

Além disso, Renata Farrielo destaca que o ganho de massa muscular, objetivo de muitos que seguem dietas proteicas, depende de um conjunto de fatores, incluindo consumo equilibrado de carboidratos e proteínas, além de sono adequado e hidratação.

“Não basta consumir um único alimento em excesso, como ovos, para construir músculos ou emagrecer. O corpo precisa de diversidade nutricional,” explica Farrielo.

Riscos à saúde

Uma dieta restritiva como essa pode comprometer o funcionamento do corpo. Giuliana ressalta que restringir carboidratos e fibras pode desregular a flora intestinal, causar constipação e até problemas renais devido ao excesso de proteínas.

“Apesar de saudável, o ovo, quando consumido exclusivamente, não substitui uma refeição completa e prejudica a longo prazo sistemas como o nervoso central e digestivo,” alerta.

Outro risco associado às dietas restritivas é o efeito sanfona. Segundo as especialistas, uma alimentação tão limitada não é sustentável, levando à compulsão alimentar e ao retorno dos quilos perdidos.

“Esse ciclo de perda e ganho de peso é prejudicial e pode ser evitado com reeducação alimentar e acompanhamento profissional,” pontua Giuliana.

Pressão social e transtornos alimentares

Nas redes sociais, Virgínia, que ganhou mais de 20 kg durante a maternidade, já exibe uma barriga trincada apenas dois meses após o parto.

Ela menciona procedimentos estéticos e uma rotina intensa de treinos como parte de sua transformação, mas a realidade compartilhada por influenciadores muitas vezes não reflete as condições reais da maioria das pessoas.

Renata Farrielo alerta que a pressão para atingir padrões de magreza pode ser perigosa, especialmente para mães em fase de amamentação.

“Dietas restritivas nesse período podem comprometer a produção de leite e a saúde da mãe, que ainda enfrenta mudanças hormonais,” afirma.

A preocupação aumenta com o impacto da influência digital. Após Virgínia divulgar sua dieta, outras pessoas começaram a imitá-la, como a adolescente Duda Guerra, de 16 anos, que compartilhou imagens de seu prato de claras de ovos.

Pesquisas corroboram os riscos. Um estudo da Universidade de Melbourne mostrou que adolescentes em dieta têm 18 vezes mais chances de desenvolver transtornos alimentares.

Já um levantamento da Universidade de Haifa identificou que restrições alimentares intensificam sentimentos negativos e desejo por comida, reforçando os riscos emocionais.

A volta da magreza extrema como tendência

A especialista Renata Farrielo vê o retorno de dietas como a do ovo, sopa ou carne como um reflexo da pressão social por padrões de magreza extrema, comuns nos anos 90 e 2000.

“Essa busca por soluções milagrosas reflete a cultura imediatista, que valoriza a estética em detrimento da saúde. Isso aumenta transtornos alimentares, insatisfação corporal e até depressão,” alerta.

Atenção ao consumo consciente

As nutricionistas concluem que dietas equilibradas, acompanhadas por profissionais, são o único caminho seguro para a saúde física e mental.

O exemplo de influenciadores nas redes deve ser analisado com cautela, principalmente devido ao impacto que pode ter sobre adolescentes e pessoas vulneráveis.

“A mudança saudável vem de escolhas sustentáveis, que respeitem o corpo e suas necessidades,” reforça Renata.

*Informações G1


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