Dia de São Jorge: Saiba a origem e história do santo guerreiro que acumula devotos

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 23 de abril de 2023 às 07:00
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São Jorge é celebrado no dia 23 de abril por milhares de pessoas ao redor do mundo

são jorge

Dia 23 de abril é comemorado o dia de São Jorge – foto Arquivo

 

No dia 23 de abril, milhares de pessoas ao redor do mundo celebram o dia de São Jorge. Presente em letras de música, sambas-enredos e referência até no futebol, o santo é venerado tanto pela igreja católica quanto pela ortodoxa e anglicana.

Na imagem, São Jorge aparece montado em um cavalo branco, com uma uma lança, diante de um dragão cuspindo fogo.

Hoje padroeiro em países como Inglaterra, Geórgia, Etiópia, Lituânia, Servia e Montenegro, ele é visto como um cavaleiro e como um santo guerreiro, ligado à superação.

Para entender o motivo pelo qual Jorge é celebrado em tantos locais, é importante conhecer sua história.

O doutor e professor do Programa de Pós-Graduação em História e Teologia da PUCRS Edison Hüttner explica que Jorge nasceu na Capadócia, em 275 d.C, e serviu ao exército na região da Turquia na época do imperador Diocleciano.

“Ele existiu de verdade, não é um mito. Era um soldado romano que se converteu ao cristianismo”, explica.

Conforme Hüttner, naquela época, o cristianismo não era considerado uma religião oficial. Seus seguidores eram, inclusive, perseguidos. Porém, Jorge se identificava com a crença e decidiu segui-la.

“Diocleciano queria dar títulos (a Jorge) para que ele deixasse o cristianismo. Mas, como ele não deixou e continuou firme na sua fé, foi degolado pelo imperador”, completou o professor.

Sendo assim, o dia 23 de abril, nada mais é do que a data da morte do santo guerreiro, que aconteceu em 303 d.C.

O túmulo de São Jorge encontra-se na cidade de Lida, em Israel, local em que o Imperador romano Constantino I mandou construir um oratório aberto aos fiéis.

Lenda do dragão

De acordo com o professor, a representação do santo guerreiro montado em um cavalo branco, enfrentando um dragão com uma lança, tem relação com mitos envolvendo a sua trajetória.

Hüttner explica que, durante Idade Média, começou a circular uma história de que o guerreiro salvou uma cidade de um dragão.

A lenda dá conta de que Jorge estava em Silene, na Líbia, quando um homem contou para ele que um dragão que estava matando as pessoas e poderia destruir a cidade.

“O dragão fez uma chantagem: para não destruir a cidade, ele pedia jovens virgens para sacrificar. Porém, não haviam mais meninas na cidades, somente a filha do rei e suas amigas”, conta o professor.

A lenda conta que, no momento em que chegou a vez de a filha do rei ser sacrificada, São Jorge matou o dragão com sua lança. Conforme Hüttner, a representação de São Jorge com o dragão representa a luta do bem contra o mal.

“Assim é contada essa lenda. Ele é um guerreiro da fé, ele tem armas, ele é soldado, então, ele serve bem para criar um mito que mata um dragão que representa o mal”, aponta.

Dia de Ogum

Em 23 de abril é também celebrado o dia de Ogum, orixá guerreiro com origens em religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda.

Ogum e São Jorge são representados de forma parecida e, segundo Hüttner, isso representa um sincretismo religioso — mescla entre doutrinas distintas que permanecem com os traços de sua doutrina original.

Como Ogum é um guerreiro, que não foge nas batalhas que tem uma espada na mão, ele foi representado com a figura de São Jorge, que é um guerreiro.

Tem a mesma personalidade, o mesmo caráter, a mesma função do Ogum, que é um orixá, cultuado na candomblé e umbanda —explica.

Conforme o professor, na época da escravidão, quando portugueses tentavam impor o cristianismo, pessoas que seguiam religiões de matriz africana acabaram adaptando figuras à sua religião.

“Como eles poderiam rezar com os portugueses que os estavam maltratando? Então, eles imaginavam um Deus deles, que veio da África, que é Ogum, para protegê-los”.

“Eles queriam tirar essa imagem de São Jorge com o dragão, da imagem do português escravista. E, para fazer isso, eles estavam diante de São Jorge, respeitavam a sua história, mas, para eles, representava Ogum”, esclarece.

*Informações Gaúcha ZH


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