Dia de Iemanjá: saiba sobre celebrações e homenagens à Rainha das Águas no país

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  • Publicado em 2 de fevereiro de 2020 às 13:28
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:20
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Festa é dia 02 de fevereiro, reunindo milhares de fiéis daquela que é tida como a mãe de quase todos os Orixás

Considerada a Rainha do Mar, Iemanjá é uma das divindades mais queridas da Umbanda e Candomblé. 

Muito cultuada e respeitada, Iemanjá é tida como a mãe de quase todos os Orixás. Sua representatividade está muito ligada à fecundidade – por isso foi destinado a ela o Mistério da Geração.

Comemorado no Brasil no dia 02 de fevereiro, o Dia de Iemanjá é marcado por celebrações, rituais e oferendas.

No Brasil a maior festa em homenagem a ela acontece na Bahia, na cidade de Salvador. Anualmente, no dia 02/02, fiéis se reúnem vestidos de branco, e saem em procissão.

Outra festa importante que acontece para Iemanjá, é a realizada no Rio de Janeiro. O tradicional Banho de Pipoca é acompanhado por pessoas de diversas religiões.

Alguns locais também comemoram o Dia de Iemanjá no dia 08 de dezembro. Esta data é comemorada principalmente na cidade de São Paulo, devido à relação ao dia de Nossa Senhora da Conceição.

O dia da semana destinado à Iemanjá é o sábado.

História de Iemanjá

Filha de Olokum, soberano dos mares, Iemanjá tomou – ainda quando criança – uma poção que a ajudaria a fugir de todos os perigos. Quando cresceu, a divindade se casou com Oduduá, com quem teve dez filhos Orixás.

Diz a lenda que seus seios se tornaram maiores e mais fartos devido a amamentação de todos os seus filhos, característica que gerou à ela grande vergonha.

Cansada de seu casamento, Iemanjá decidiu deixar seu esposo e seguir em busca de sua própria felicidade.

Após algum tempo, ela se apaixonou pelo rei Okerê, com quem viveu uma história nada feliz. Contos revelam que, em um certo dia, após beber demais, Okerê se referiu aos seios de Iemanjá de maneira grosseira, o que fez com que ela fugisse decepcionada.

Para escapar da perseguição de Okerê, Iemanjá fez uso da poção dada por seu pai. Assim a Rainha do Mar se transformou em um rio que encontra o mar.

Para recuperar sua esposa, Okerê decidiu interferir no curso do rio, ao se transformar em uma montanha. Mas com a ajuda de seu filho Xangô (que abriu passagem no meio dos vales criados por Okerê), Iemanjá conseguiu seguir seu caminho, tornando-se então a Rainha do Mar.

A grafia do nome de Iemanjá também é realizada com Y, por isso é tão comum encontrar o nome da divindade escrito desta maneira: Yemanjá

Na África, seu nome tem origem nos termos do idioma Yorubá “Yèyé Omo Ejá”, que significa mãe dos filhos-peixe.

No Brasil, ela também recebe os nomes: Inaé, Ísis, Janaína, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar e Sereia do Mar.

Sincretismo de Iemanjá

No Brasil, Iemanjá é considerada a divindade das águas doces e salgadas. Na igreja católica a Orixá está associada principalmente à Nossa Senhora dos Navegantes, mas também à outras Santas, como Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Conceição,  Nossa Senhora da Piedade, e a própria Virgem Maria.

O sincretismo de Iemanjá com Nossa Senhora dos Navegantes teve sua origem no século XVIII. Resultado de um conflito ocorrido pelo choque entre as religiões dos negros trazidas da África com o catolicismo já instituído no Brasil.

Qualidades de Iemanjá

Iemanjá possui características muito particulares e próprias. Regente da inteligência humana, as qualidades de Iemanjá são muito importantes, pois transformam-na praticamente em Orixás individuais.

Mas é preciso destacar que este aspecto ainda é fruto de estudos e pesquisas. Enquanto isto, muitas nações continuam a considerá-la como Orixá única. Veja abaixo algumas das qualidades:

Iemanjá Asagba ou Sobá

Ligada a Airá, lufã e Orunmilá, é responsável por fiar algodão. Usa corrente de prata no tornozelo e carrega consigo um Abebé. Sua energia está ligada a espuma branca do mar e dos rios, e é vista sempre vestindo branco e prata.

Iemanjá Akurá

Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro e possui forte ligação com Nanã.

Iemanjá Iyá Odo

Para alguns é a considerada mãe de Oxun. Vive às margens de todos os rios, representando o Ajubó ancestral. Além disso, é ligada ao Orixá Oxalufan.

Iemanjá Iya Awoyò

A mais velha das Orixás, possui ligação com Oxalá, Oxumarê e Xangô. Sempre vista vestindo branco perolado e cristal é responsável pelas marés.

Iemanjá Malèlèo ou Maylewo

Vive nos grandes lagos e é considerada muito tímida. Diz a lenda que não se pode tocar no rosto do Iyawò, veste verde claro e branco prateado.

Iemanjá Iyá Ógunté

Mãe do rio Ógun, é considerada uma grande guerreira. Usando uma espada e carregando um Abebé, tem ligação com Ogum e Oxaguian. Veste sempre azul claro e branco perolado.

Iemanjá Sessu, Iyasessu

Ligada a Babá e Olokun é considerada muito voluntariosa e respeitável. Vive nas águas agitadas da costa e está sempre vestida de verde e branco.

Iemanjá Olossá ou Oloxá

Ligada a com Oxum e Nanã é a mais velha da terra de Egbado. Vestindo verde-claro e com suas contas branco cristal, está Orixá não possui iniciados no Brasil.

Iemanjá Iya Massê

Mãe de xangô.

Oferenda para Iemanjá

IMPORTANTE: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.

Os pedidos feitos à mãe Iemanjá, geralmente, são acompanhados de oferendas. Roupas, velas, alimentos e flores como rosas, palmas brancas, orquídeas e crisântemos brancos, são oferecidos à divindade.

Consideradas verdadeiros presentes, estas oferendas para Iemanjá devem ser entregues preferencialmente à beira mar. No caso de alimentos ou produtos perecíveis, a entrega deve ser feita em um local como um campo ou mata.

Alguns ingredientes são muito característicos nestas oferendas à Iemanjá. Geralmente os preparados levam peixe, camarão, arroz, canjica, manjar e mamão. Veja alguns pratos tradicionais da cozinha ritualística para Iemanjá:

  • Canjica Branca: preparar a canjica em uma tigela de louça branca, acrescentar leite de coro, mel e uvas brancas (as uvas são opcionais).
  • Canjica Cozida: a canjica e refogada com azeite de dendê, cebola e camarão.
  • Manjar do Céu: preparado com leite, amido de milho, leite de coco e açúcar.
  • Sagu de Leite de Coco: Depois do sagu inchado, refogar com leite de coco de modo a fazer um mingau grosso, em seguida colocar em uma tigela de louça branca.
  • Peixe de Iemanjá: Cozinhe o peixe com cheiro verde, coentro, tomate e cebola. Não use sal e fique atento para o peixe não desmanchar.

Cores de Iemanjá

Iemanjá tem como principais cores o azul claro, o branco e o prata. As três cores, que estão quase sempre presentes em suas vestimentas e em seus adornos, representam todo seu mistério (associado ao fundo do mar) e também a sua vaidade.

Características dos Filhos de Iemanjá

Considerada uma mãe jovem, porém madura, Iemanjá é uma das Orixás que mais possui filhos. Eles costumam gostar muito de luxo e às vezes chegam a ser um pouco exagerados.

Detentores de um plano de vida muito bem elaborado, possuem um grande equilíbrio e domínio emocional.

Sempre muito sábios, eles são capazes de dizer verdades que nem todos gostam de ouvir.

Os filhos da Orixá Iemanjá são protetores e estão sempre dispostos a ajudar e cuidar dos problemas dos outros como se fossem seus, além de um grande instinto maternal – já que possuem grande conexão com o Mistério da Geração.

Oração a Iemanjá

“Doce, meiga e querida Mãe Iemanjá. Vós permitiste que no seio de vossa morada se formassem as primitivas formas de vida, que foram o berço de toda a criação, de toda a natureza e de toda a humanidade, aceitai nossas preces de reconhecimento e amor.

Que os lampejos que emanam de vosso diáfano manto de estrelas venham, como benéficas vibrações espirituais, aliviar os males, curar aos doentes, apaziguar os nossos irmãos revoltados, consolar os corações aflitos. 

Que as flores e oferendas que depositamos em vosso tapete sagrado, sejam por vós aceitas e quando entrarmos nas águas para vos ofertá-las seja as ondas do mar portadoras de vossos fluídos divinos. 

Fazei, Senhora Rainha das Águas, com que a espuma das ondas em sua alvura imaculada traga-nos a presença de Oxalá, limpe os nossos corações de todas as maldades e malquerenças.

Que os nossos corpos, tocados por vossas águas sagradas, libertem-se em cada onda que passa, de todos os males materiais e espirituais.

Que a primeira onda a nos tocar afaste de nossas mentes todos os eventuais desejos de vingança; que a segunda lave nossos corações e nosso espírito, para que não nos atinjam as infâmias e malquerença de nossos desafetos; que a terceira onda afaste a vaidade de nossos corações; que a quarta lave nosso corpo de todos os males e doenças físicas para que, sadios, possamos prosseguir; que a quinta onda afaste de nossa mente a ganância e a cobiça; que a cesta onda venha carregada de flores e que nosso maior desejo seja o de cultivar o amor fraternal que deve existir entre todos os homens; e que ao passar a sétima onda, nós, puros e limpos de mente, corpo e alma, possamos ver, ainda que apenas por alguns segundos, o esplendor de vossa radiosa imagem. 

É o que humildemente vos suplicam seus filhos.

Saudação a Yemanjá

Odoyá e Odociaba são as saudações mais utilizadas para Iemanjá.

Odoyá que significa Mãe das Águas, é comumente utilizada da seguinte forma: “Eu sou Filho de Iemanjá. Odoyá minha mãe!”.

Já Odociaba invoca a poderosa força das águas. A saudação que significa Rainha da Águas Sagradas e é utilizada na expressão “Odociaba, Mãe Iemanjá!”.

A celebração à Iemanjá é uma das mais conhecidas e importantes em nosso território nacional. Considerada a Grande Mãe, ela em toda sua bondade acolhe a todos que a procura com muito amor e benevolência materna.

*IQuilibrio


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