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O mais importante é brincar. É nesse processo que as crianças aprendem a explorar o mundo ao redor.
Com o Dia das Crianças chegando, pais e filhos estão decidindo presentes, passeios e surpresas para comemorar o 12 de outubro.
Dá para negar o brinquedo da moda que a criança tanto insiste em comprar? Como tornar a data memorável mesmo sem gastar dinheiro ou atender os desejos infantis? Que brinquedos são legais de comprar?
A seguir, um pequeno guia de dicas sobre brinquedos e brincadeiras que podem ajudar nos preparativos.
Se a sua ideia é dar um brinquedo…
Bons brinquedos são os que oferecem uma variedade de estímulos, experiências e possibilidades, sejam eles comprados ou feitos em casa, diz Patricia Camargo, do site de brincadeiras Tempo Junto.
“Brinquedo que anda sozinho e fala sozinho não é de brincar, é de assistir”, argumenta.
“Então, uma primeira pergunta a se fazer é: meu filho vai conseguir brincar com este brinquedo quando a pilha acabar? Se sim, ótimo. Se não, siga adiante.”
Ao mesmo tempo, ela sugere que os pais deem menos atenção ao “resultado da brincadeira” — acertar o jogo, completar o quebra-cabeça — e mais ao processo de brincar.
“O resultado vai chegar em algum momento, ela vai completar o quebra-cabeça. O mais importante é ela brincar.” É nesse processo que as crianças aprendem a explorar o mundo ao redor.
Dito isso, Camargo lembra que a criança não se desenvolve sozinha — precisa do adulto para isso, até mesmo na hora de brincar.
“É na interação, no bate-bola, na risada que a criança faz conexões neurais em seu cérebro”, diz.
“Mesmo quando o adulto acha que não sabe brincar, só de ele entrar na linguagem da criança já está construindo um vínculo com ela.”
Mais abaixo, veja uma lista de ideias de brinquedos bacanas para diferentes faixas etárias.
Se você ainda não decidiu se vai atender ao pedido do filho pelo brinquedo da moda…
O mundo real, diz Camargo, é repleto de marketing e consumo, então o jeito é “lidar com isso sem ser absorvido de forma prejudicial”.
“Não acho que precisamos ser contra o brinquedo da moda, mas entender do que nosso filho gosta para além do que ele pede. O brinquedo que ele pediu vai complementar os brinquedos que ele já tem? Ou ele só quer porque ‘todo mundo tem’? Esse presente é factível na nossa rotina ou no nosso orçamento? Se não for, quais outros brinquedos podem proporcionar a mesma sensação gostosa?”
Camargo lembra de quando seu filho, então com cinco anos, pediu a ela um celular de presente. Ela quis entender o motivo e ouviu dele que “todos na escola estão usando o celular para brincar de Pokémon Go, até as crianças mais velhas”.
“Ele queria se inserir naquele grupo, mas não tinha idade para ter celular. Descobri que existiam cartas de Pokemon e fui mostrar para ele que poderia ser uma brincadeira legal e poderíamos jogar juntos”.
“Ou seja, observar é fundamental para entender o contexto do (pedido) pelo brinquedo, entender se ele vai trazer mais estímulos e complementar os brinquedos que ele já tem.”
Se a decisão for a de comprar o brinquedo, uma data especial pode ser uma boa ocasião para fazer a criança esperar pelo presente.
“Hoje as crianças têm tudo muito rápido, sequer precisam esperar pelo horário em que seu programa favorito vai passar na TV (por conta do streaming)”, argumenta Camargo. “(Fazê-la esperar) é uma forma de subverter a questão do consumo a seu favor.”
Se você já decidiu que não vai comprar o que seu filho pediu…
Talvez porque seja muito caro, ou inadequado para a idade, ou ainda porque agrega pouco valor às brincadeiras.
Seja qual for o motivo, você pode já ter decidido que não vai atender ao pedido do seu filho.
Se é esse o caso, a especialista em educação não violenta Elisama Santos dá a dica de simplesmente deixar o pedido anotado, para validar o desejo da criança.
“‘Filho, estou anotando aqui o seu pedido. Você queria muito ter o brinquedo, entendo. A gente iria brincar muito com ele’ O ‘iria’ já deixa claro que não vai ser comprado. É uma lista de desejos, não de compras”.
“Você não precisa tentar justificar muito por que não vai comprar (quando a criança estiver nervosa), porque só vai aumentar a tensão. Acolha os sentimentos de frustração dela, depois, você pode explicar melhor em um momento de calma.”
Se você quer criar um dia especial…
Não precisa bolar nada mirabolante, apenas criar um momento de interação e estar plenamente presente, defende Paula Perrin, autora de 101 Ideias para Curtir com seu Filho (já esgotado) e diretora de comunicação da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
A principal ideia é aumentar as interações — criar vínculo com as crianças é brincar despretensiosamente, sem objetivo final e sem precisar pensar ‘vou desenvolver a coordenação motora delas’.
A ideia é criar memórias porque, no fim das contas, o mais importante é o quanto você vai aproveitar o momento com as crianças.
Entre as brincadeiras sugeridas por Perrin no livro estão pequenas “subversões” das regras do dia a dia, como brincar de pintar com os pés, fazer um acampamento no chão da sala ou um piquenique na varanda.
Pode ser também um projeto em conjunto, como um brinquedo feito a quatro (ou mais) mãos. O importante é ser “algo que faça sentido para a família e para a criança e propicie um momento de amor”, sugere.
Laura Markham, autora americana de livros sobre educação parental, defende que tempo é o maior presente que os pais podem dar aos filhos em datas especiais.
“Quando focamos em presentes, isso alimenta a fantasia de que coisas materiais podem suprir o que necessitamos internamente”, diz ela em sua newsletter.
“Mas isso não funciona, pelo menos não por muito tempo. E passamos a procurar a próxima ‘coisa’ que realize isso, dificultando que demos valor ao que já temos”.
E isso coloca as crianças em estado de frenesi, rasgando o pacote de presente em busca da resposta para seus anseios. A verdade é que seu filho é suficiente e tem o suficiente. A felicidade vem da conexão, do significado e da contribuição, e não de coisas.
Se você quer menos consumismo…
Muitos pais têm evitado presentes físicos no Dia das Crianças, preferindo fazer dele um dia de passeios e atividades especiais.
Uma dessas atividades pode ser a troca de brinquedos, que permite às crianças trocar objetos que já não usam muito por outros de segunda mão.
O site https://feiradetrocas.com.br lista feiras já agendadas em cidades pelo país e permite que usuários organizem seus próprios eventos.
“Para as crianças, o brinquedo trocado pode acabar sendo tão legal quanto o ganho — ela pode acabar gostando da autonomia de escolher o que trocar e isso pode virar um momento precioso”, opina Patricia Camargo.
Ela sugere, também, que pais de crianças que tenham “montanhas” de brinquedos em casa guardem alguns no armário, fazendo uma espécie de revezamento.
“Deixando menos brinquedos disponíveis e revezando-os, você amplia a validade dos brinquedos e eles voltam a ser ‘novos’.”
Se quer dicas de brinquedo para cada faixa etária…
Eis algumas delas, dadas por Patricia Camargo, do site Tempo Junto:
Para bebês e crianças de 1 ano: como ele já nasce com a audição pronta, chocalhos são um bom presente para interagir com bebês, porque ele vai conseguir acompanhar o som, segurar e explorar o objeto.
Bolas também são um presente “para a vida toda”, diz Camargo, e nessa idade valem mais se tiverem variedade de cores, texturas e materiais para estimular os bebês.
Jogos de encaixar encantam bebês que já conseguem segurar coisas com as mãos. “Ele não vai encaixar logo de cara, e tudo bem, esse é o processo. O importante é valorizar sua tentativa e a interação com o brinquedo, sem esperar resultados.”
Blocos e cubos (grandes o suficiente para não causarem risco de engasgo) já começam a despertar a criatividade e a resolução de problemas.
“Eles adoram montar só para derrubar logo depois”, explica Camargo.
“Faz parte de seu desenvolvimento: testar causa e efeito. Por isso as crianças pequenas atiram tanto as coisas no chão, para testar se o efeito vai ser o mesmo toda vez.”
Bonecas e bichinhos ajudam a trabalhar sentimentos, verbos (“veja como a boneca está sentada”) e reconhecimento de atividades sociais (“o bichinho vai tomar banho, vai dormir”).
Carrinhos e demais brinquedos de roda também fascinam desde cedo, por proporcionarem ação, movimento e obstáculos.
E, segundo Camargo, “nunca é cedo para apresentar instrumentos musicais às crianças, porque eles proporcionam ritmos, sons e música”.
O mesmo pode ser dito dos livros — “que no começo vão ser colocados na boca, mas que é bom que desde cedo sejam apresentados como uma diversão”.
Para crianças de 2 a 4 anos: esse momento de descoberta da autonomia é bom para trabalhar sentimentos e convivência.
“É quando a criança vai começar a brincar de imaginar e criar coisas a partir dos materiais que deixamos para eles”, diz Camargo.
Por isso, massinha, panelinhas e outros objetos de casa, carrinhos e telefones vão ganhar muito significado nas mãos das crianças. O mesmo vale para fantasias, bonecos e bichinhos.
Camargo sugere também jogos simples de quebra-cabeça, cabanas e casinhas, bolhas de sabão e brincadeiras que envolvam desenho e expressão artística.
De 4 a 7 anos: Mais maduras, as crianças passam a desfrutar mais a brincadeira entre amigos.
Brinquedos que possam ser usados coletivamente ou que envolvam estratégia costumam fazer sucesso: bingo, dominó, corda, carrinhos, bonecas, peões, pipas e álbuns de figurinhas.
“Muitos proporcionam a chance de cooperação, de aprender a perder, de negociar a troca”, explica Camargo.
Objetos colecionáveis também são bons para essa faixa etária por estimularem o cuidado e a paciência (de esperar o próximo item da coleção).
De 7 a 12 anos: Aqui, valem desde clássicos como bola, futebol de botão e jogos de raquete até brincadeiras de experiência, como jogos mais complexos, de laboratório, mágica ou “faça você mesmo”.
Camargo opina que videogames, se forem objetos de interação, também não precisam ser desdenhados, porque estão presentes no dia a dia dessa faixa etária.
“O importante é os pais participarem juntos”, defende.
“Games que o filho joga isolado, esses ele vai acabar descobrindo por conta própria. Pais podem dar preferência aos que sejam agregadores e permitam que eles ou amigos possam jogar juntos em casa.”