Dia da Mentira: Você sabe por que mentimos? E quando o problema pode ser doença?

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 1 de abril de 2023 às 12:30
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Dia da mentira é comemorado em 1º de Abril. Mas, no dia a dia, uma pessoa já conta, em média, três mentiras durante uma conversa de 10 minutos

mentira

Muita gente diz que a mentira faz parte da natureza humana, será? Foto Freepik

 

Há quem diga que a mentira faz parte da natureza humana, mas outros defendem que esse argumento só serve para amenizar a culpa e justificar um ato errado.

Qualquer que seja a razão, o fato é que uma pessoa conta, em média, três mentiras durante uma conversa de 10 minutos, segundo já mostrou um estudo britânico.

Neste 1º de abril, conhecido popularmente como o Dia da Mentira, é comum as pessoas inventarem histórias para brincar com os amigos.

Mas quando a mentira deixa de ser “inocente” e passa a representar uma situação mais complexa? E quais as razões que nos levam a mentir?

Por que as pessoas mentem?

As pessoas mentem porque não conseguem lidar com a verdade.

“A pessoa tem dificuldade de encarar aquela situação, de assumir a realidade, e acaba mentindo”, diz Renata Bento, psicóloga e psicanalista, que integra a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ)

Isso acontece até em situações cotidianas, como quando alguém marca um compromisso, acaba atrasando, mas fala que vai chegar no horário. Ou ainda para não magoar a outra pessoa.

“Às vezes, é uma mentira supostamente inocente, feita para distorcer uma parte da realidade ou para proteger outra pessoa, mas, ainda assim, é uma mentira”, explica.

Essas mentiras do dia a dia são as mais comuns e incluem omissão e exagero, segundo estudo da Universidade de Southampton, no Reino Unido, o mesmo que identificou a quantidade de mentiras contadas durante uma conversa.

Fazer o interlocutor parecer mais simpático ou competente é outra razão para as pessoas mentirem, segundo outro estudo publicado no periódico científico “Basic and Applied Social Psychology”.

“A decisão de mentir, muitas vezes, é motivada por frustração, medo de falar a verdade ou de confrontar a outra pessoa”, diz Vanessa Gebrim, psicóloga especialista em psicologia clínica

Apesar disso, na opinião dela, continua não se justificando já que, “muitas vezes, a mentira nasce em uma situação que seria simples de resolver com a verdade”.

Além disso, alguns encaram a mentira como algo cultural e social: contar uma mentira eventualmente ou de maneira pontual é um hábito enraizado na nossa sociedade e acaba sendo reproduzido.

Essa justificativa, porém, é usada para amenizar a culpa e justificar mentiras cotidianas, avalia Vanessa Gebrim.

Quando a mentira se torna um problema?

O problema da mentira é que, uma vez que a pessoa percebe esse mecanismo de fuga, pode ficar mais fácil e recorrente distorcer, omitir ou criar histórias como algo real.

“É comum aos mentirosos inventar uma mentira para encobrir outra, que vai precisar ser disfarçada por mais outra, e é aí que mora o perigo”, conta Renata.

Mentir vira um problema sério quando a pessoa passa a mentir descontroladamente.

Enquanto “mentirosos eventuais” mentem para se proteger ou evitar uma situação constrangedora, mentirosos compulsivos mentem sem motivos aparente, apenas para manter o que querem que seja visto como verdade.

“Quando a mentira se torna uma coisa do cotidiano, descontrolada, vemos que a pessoa está doente. Essas pessoas acabam mentindo o tempo todo, de forma compulsiva. Nestes casos, podemos ter uma patologia mais grave como a mitomania”, fala Vanessa Gebrim, especialista em psicologia clínica.

Mas, do ponto de vista profissional, toda mentira é preocupante e não há uma mais grave que a outra.

“Socialmente, é menos grave inventar uma desculpa para não ir a um evento do que pegar algo escondido e mentir que não pegou”.

“Mas mentira é mentira. Óbvio que uma dessas situações faz referência a um crime, mas o objetivo é o mesmo: esconder a verdade por trás de uma decisão pessoal”, explica Renata Bento.

Já nos casos patológicos, é necessário diagnóstico e acompanhamento psicológico e psiquiátrico e, em alguns casos, o tratamento é associado à medicação.

*Informações G1


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