Dia da Consciência Negra: Por que a consciência é negra e não humana?

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 20 de novembro de 2021 às 17:30
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A data é provocativa, didática e simbólica e faz pensar nos negros; mas é preciso manter espírito no resto do ano

Dia da Consciência Negra é celebrado neste dia 20 de novembro

 

A data pela Consciência Negra, celebrada neste sábado, 20, cria uma verdadeira revolução no jornalismo e na política.

Veículos de comunicação falam de negros, leis anti-racistas são aprovadas, pesquisas sobre “como vive o negro no Brasil?” são publicadas, casos de racismo são lembrados, até que o mês acaba.

É mais ou menos assim, fala-se de mães em maio; de papai noel em dezembro e da luta racial, o nosso racismo de todos os dias, em novembro.

Pessoas negras, referências em suas áreas, se indignam: por que são procurados somente em novembro? Somos negros 7 dias da semana, todo mês.

A data marca resistência, em memória de Zumbi dos Palmares, e provoca reflexões que chegam a incomodar muitas pessoas: por que esse dia existe? Por que a consciência é negra?

Antes de tentar responder isso, é preciso traçar a diferença entre “o que é” e “como deveria ser”.

A consciência é humana –
deveria ser mas não é.
Todos são iguais –
deveriam ser mas não são.
Não precisa de data –
poderia mas não dá.
Por que não existe dia do branco? –
365 dias não são suficientes?

Essas reflexões só são possíveis porque existe um dia da #ConscienciaNegra. Se não fosse essa data, não estaríamos tendo essa conversa.

A consciência é negra por razões do passado, do presente e do futuro. A consciência é negra porque os negros e não os brancos foram escravizados por 300 anos neste país. Você lembra? Não. Pela nossa idade, a gente não viveu isso mas até hoje sentimos os efeitos dessa disparidade de direitos e oportunidades.

A consciência é negra porque é do negro que se exige mais resistência para passar por situações como uma pandemia, dado o nível de vulnerabilidade social.

A pretensa liberdade de 133 anos atrás, produto da lei áurea, nos jogou nas periferias, onde ninguém queria ir, à margem da sociedade.

A consciência é negra porque a perfeita consciência humana nunca existiu e os negros precisam preparar as gerações futuras para que a trajetória de avanços, ainda que parcos, não seja estragada.

A data é provocativa, didática e simbólica. É bom ver alguém incomodado com o 20 de novembro, sinal de que o fez pensar nos negros. Mantenha-se assim amanhã. E depois de amanhã. E em todos os dias, de todos os anos.

Texto da jornalista Brasília Rodrigues / CNN

 


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