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O procedimento utiliza água, sal marinho e eletrodos e promete promover uma verdadeira faxina no organismo
Com certeza você já
ouviu falar sobre as dietas que prometem eliminar as toxinas do corpo através
de um cardápio baseado em alimentos líquidos, certo? Ainda assim, mesmo os
maiores adeptos desse tipo de desintoxicação não estão nem perto de se livrar
de toda a toxina a que somos expostos.
De acordo com a Abrasco
(Associação Brasileira de Saúde Coletiva), consumimos por pessoa no Brasil o
equivalente a 7,3 litros de agrotóxicos anualmente. Isso sem mencionar os
conservantes, corantes e hormônios presentes na carne, e o açúcar causador de
inflamações celulares. Não bastassem os alimentos, muitos cosméticos da
indústria da beleza possuem elementos químicos como alumínio, chumbo e mercúrio.
A última tendência para
promover uma faxina geral é um novo tipo de detox: o iônico. Conhecido nos
Estados Unidos como foot detox (detox dos pés), a técnica acaba de chegar ao
Brasil e já atraiu até mesmo celebridades. O tratamento promete uma série de
benefícios, como: melhora da circulação; diminuição do estresse, da ansiedade e
insônia; melhora do sistema imunológico; controle dos sintomas da menopausa e
da má digestão; aceleração do metabolismo; diminuição da retenção de líquido;
redução das dores de cabeça; e melhora do viço da pele.
Em uma bacia similar
às de pedicure com forro descartável de plástico, são adicionados cerca de 2,5
litros de água mineral morna com três colheres de sal grosso marinho sem iodo e
cloreto de sódio, para que os pés sejam
mergulhados na solução.
O que pode ser um tanto assustador: dentro do recipiente, é colocado um
eletrodo de cobre e aço em formato de Y conectado a uma fonte bivolt ligada na
tomada. Em contato com a água e o sal, os eletrodos ajudam a equilibrar os íons
positivos e negativos do nosso organismo e, assim, repelir as toxinas.
A sensação lembra a de
um relaxante escalda-pés, com a diferença de que é possível sentir uma corrente
elétrica fraquinha e uma leve dormência nos membros inferiores. No final, a
água, inicialmente límpida, adquire coloração amarelada, que o médico atribui
às toxinas sugadas do corpo.
Existem ainda
sessões para intoxicação por metais pesados, agrotóxicos, aditivos químicos e
solventes presentes em produtos de limpeza, toxinas de bactérias e fungos,
entre outras. “Peço exames de sangue a fim de detectar a necessidade do
paciente e complemento o detox com aplicação intravenosa de antioxidantes como
o ácido alfalipóico e a vitamina D”, explica o nutrólogo Thiago Macedo, que
recomenda a associação com exercícios e alimentação balanceada.
O tratamento tem contraindicações. Grávidas, lactantes,
portadores de marca-passo e próteses metálicas, transplantados, pessoas com
úlceras ou feridas nos pés e crianças com menos de 8 anos não devem fazer o
detox iônico.
O procedimento
também não é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina como tratamento
médico, pois não há estudos científicos que comprovem a sua eficácia. O
endocrinologista Fabiano Serfaty reforça que as pesquisas ainda são muito
limitadas e afirma que a terapia venosa com antioxidantes é igualmente
experimental. “Também não há razões para suspeitar que o detox iônico seja
prejudicial à saúde, mas os efeitos colaterais incluem náuseas, vômitos e
tontura”, alerta Dr. Fabiano.